São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Columbia volta sem terminar projeto da USP

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ônibus espacial Columbia, que pela primeira vez levava experimentos científicos brasileiros ao espaço, vai voltar para a Terra mais cedo. A missão deve terminar amanhã, 12 dias antes do inicialmente previsto.
Os cientistas que realizariam os experimentos realizaram apenas uma parte minúscula do trabalho programado.
Um dos três geradores de eletricidade do Columbia não está funcionando bem. Por cautela, o controle da missão decidiu ontem pelo retorno precoce. A nave havia partido na sexta-feira.
Na missão da Columbia seriam realizados experimentos científicos que precisam do ambiente espacial de microgravidade para terem sucesso. O trabalho científico mal havia começado quando os sete tripulantes da nave foram informados de que deveriam voltar mais cedo e de que teriam menos energia para pesquisar.
Os cientistas-astronautas acenderiam dezenas de focos de fogo para estudar o comportamento da chama na microgravidade. O outro trabalho importante era encomendado por pesquisadores brasileiros da USP.
Projeto da USP
O experimento constitui em fazer crescer cristais de duas proteínas. Ele foi projetado pela equipe de Glaucius Oliva, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo, e também tem a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
As proteínas são originárias da semente da jaca e do parasita causador da doença de Chagas. Por meio dos cristais é possível conhecer melhor a estrutura de uma proteína, o que facilita a criação de drogas de uso médico a partir dela.
As drogas, no caso, serviriam para melhorar a potência de vacinas e para combater o protozoário que causa a doença de Chagas.
"Foi com certeza decepcionante", disse Jim Halsell, depois de receber a notícia do fim precoce da missão. O desligamento do gerador vai diminuir drasticamente o trabalho no laboratório.
"Vamos continuar a trabalhar até quando for possível", disse a gerente da missão, Teresa Vanhooser. "O clima é de desapontamento, mais do que qualquer coisa. Acho que ninguém está pronto para jogar fora o seu trabalho", afirmou Vanhooser.
O cientistas têm esperança de que a missão, que estava sendo planejada havia três anos, possa ser relançada. Como estão atrasados os vôos que serão realizados para a montagem da estação espacial internacional, da qual a Nasa vai participar, deve haver espaço na agenda para outras missões.
Problema previsto
Alguns sinais de problemas no gerador de US$ 5 milhões já haviam sido detectados antes da partida e prosseguiram durante a viagem. Os aparelhos ficam na fuselagem da nave e fornecem toda energia que ela utiliza.
Técnicos da Nasa temiam que o defeito no aparelho pudesse provocar um incêndio ou uma explosão e pretendiam desligá-lo até ontem. O ônibus espacial pode funcionar com segurança usando apenas dois geradores.
"Nós realmente não temos informações suficientes para entender o que está acontecendo de fato. Chegamos à conclusão que a coisa mais cautelosa a fazer era pousar a nave na terça-feira", disse Tommy Holloway, diretor da missão.
Desde que começaram os vôos dos ônibus espaciais, em 1981, é a terceira vez que a Nasa termina uma missão precocemente.
O Columbia deve pousar no início da tarde de amanhã, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Uma pista na Califórnia também está pronta para receber a nave.

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