São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
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Alencar recua de expulsão de policiais

DA SUCURSAL DO RIO

Um dia após ter pedido à cúpula da Segurança Pública do Rio a expulsão dos PMs que espancaram favelados da Cidade de Deus (zona oeste da cidade), o governador Marcello Alencar admitiu ontem que eles podem permanecer no serviço público.
Na madrugada de 23 de março, seis policiais agrediram moradores da Cidade de Deus com socos, pontapés, joelhadas e pancadas com objetos contundentes. As cenas foram gravadas por cinegrafista amador e levadas ao ar, na segunda passada, pela Rede Globo.
Após a exibição das cenas, o governador determinou a prisão dos seis. Os PMs foram identificados como o major Álvaro Rodrigues Garcia, o terceiro-sargento João Carlos Barbosa, os cabos Geraldo Antonio Pereira e Sérgio Ricardo Paiva e os soldados Aldair Ferreira Menezes e Marco Aurélio da Silva.
Anteontem, em reunião com o comandante da PM e o secretário da Segurança, o governador disse que queria a expulsão dos agressores. Ontem, em entrevista no quartel-general da PM, após se reunir com oficiais e delegados da Segurança Pública, Alencar disse que os PMs envolvidos terão que responder a processos administrativos antes de uma decisão final.
Ao comentar os possíveis resultados desses processos administrativos internos, o governador passou a dizer que esses procedimentos irão gerar "a expulsão provável" dos policiais militares.
Ao admitir a hipótese de que os PMs não sejam expulsos, Alencar afirmou que "pelo menos" no seu governo eles não voltarão a exercer atividades policiais.
"Eu não posso deixar de obedecer o processo legal. Eu fui advogado", afirmou. Questionado sobre suas declarações anteriores de que iria pedir a expulsão, o governador disse que "talvez" não tenha sabido "explicar direito".
Segundo ele, só o sargento, os cabos e os soldados envolvidos podem ser expulsos pelo comando da PM, depois de submetidos ao Conselho Disciplinar da PM.
No entanto, o major Garcia, chefe da ação na favela, será submetido primeiramente ao Conselho de Justificação da PM. Mas a decisão final sobre sua eventual expulsão caberá ao Tribunal de Justiça do Rio (uma instância civil).
Gratificações
Alencar cancelou ontem as gratificações por mérito no serviço que haviam sido concedidas ao major Garcia e ao cabo Pereira.
As gratificações foram dadas no ano passado, em forma de aumento salarial. O prêmio, conhecido como "gratificação faroeste", é dado a PMs que tenham praticado atos considerados de bravura.

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