São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
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Fiéis iraquianos rompem embargo aéreo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Iraque violou ontem a proibição de vôos internacionais imposta pela ONU quando um Iliuchin decolou da base aérea de Rachid, nos arredores da capital, Bagdá, com 104 peregrinos e pousou na Arábia Saudita, numa aparente tentativa de usar uma delicada questão religiosa para desafiar o embargo.
O governo saudita permitiu a entrada do avião em seu espaço aéreo porque trazia peregrinos. O Iliuchin foi escoltado por caças sauditas até pousar no aeroporto de Jidá. Foi a primeira vez que o Iraque violou o embargo aéreo decretado em setembro de 1990, como consequência da invasão iraquiana ao Kuait.
A Arábia Saudita informou que o avião procedia da Jordânia. A direção da aviação civil jordaniana informou que não recebeu pedido de permissão do Iliuchin para sobrevoar o território.
Os sauditas acreditam que o avião estava voando a baixa altitude, razão pela qual não foi detectado pelos radares. Dos 104 peregrinos, 40 eram mulheres, muito idosas e doentes para fazer a viagem a Meca por terra.
Foi o segundo vôo que violou sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e que os sauditas permitiram entrar em seu território este ano.
Em 29 de março, a Líbia enviou peregrinos a Meca -onde nasceu o profeta Maomé- e Medina, desafiando o embargo aéreo imposto em razão do envolvimento com o atentado de 1988 que derrubou um avião da Pan Am na Escócia.
Foi o terceiro ano consecutivo que a Líbia violou as sanções da ONU. O líder líbio Muammar Gaddafi defendeu a convocação de uma guerra santa contra o Ocidente se os peregrinos não puderem entrar no reino saudita.
A Arábia Saudita é a guardiã de Meca e Medina, as duas cidades sagradas do Islã. Diplomatas ressaltam que, em função disso, o reino não pode negar a entrada de muçulmanos. Todo muçulmano deve, ao menos uma vez na vida, fazer a peregrinação a Meca. Mais de 2 milhões de fiéis são esperados anualmente.
Um grupo de mil iraquianos chegou à Arábia Saudita na terça-feira. A viagem foi feita por terra. Foram os primeiros peregrinos iraquianos desde 1994.
Os EUA estão pressionando o Conselho de Segurança a aprovar uma declaração condenando a violação do embargo aéreo. "O que temos aqui é mais uma vez o Iraque desafiando a comunidade internacional e o Conselho de Segurança da ONU", disse Bill Richardson, representante dos EUA.
Segundo a imprensa de Bagdá, o governo iraquiano solicitou em fevereiro ao Conselho de Segurança da ONU permissão para enviar os peregrinos a Meca, mas não teria recebido nenhuma resposta.

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