São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
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Proteína bloqueia entrada do HIV na célula, diz estudo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um grupo de pesquisadores desenvolveu uma proteína capaz de bloquear a entrada do vírus da Aids, o HIV, em células do sistema de defesa do organismo, chamado sistema imune.
O estudo será publicado na revista científica"Science" amanhã.
A pesquisa foi realizada por uma equipe de várias instituições, que incluem, entre outras, o Instituto de Pesquisas sobre o Câncer (Reino Unido), o Instituto de Pesquisas Biomédicas de Genebra (Suíça), a empresa farmacêutica Glaxo Wellcome, também suíça, e o Laboratório de Farmacologia Molecular (Dinamarca).
Os pesquisadores conseguiram demonstrar, em células do sistema de defesa do organismo cultivadas em laboratório, que uma proteína que havia sido modificada quimicamente foi capaz de impedir a entrada do HIV tanto em linfócitos como em macrófagos. A proteína foi batizada AOP-RANTES.
Linfócitos são um dos tipos de células do sistema de defesa do organismo. Os dois principais tipos de linfócitos são as chamadas células B e as células T.
Já os macrófagos são células de defesa capazes de "comer" organismos estranhos.
Segundo Amanda Proudfoot, uma das autoras do estudo, a proteína poderá ser usada como ponto de partida para o desenvolvimento de novas drogas.
Porto celular
Cientistas já sabiam que o HIV precisa da ajuda de dois elementos para conseguir entrar nas células de defesa.
Um dos elementos é uma proteína que fica na "casca" (membrana) das células de defesa.
Essas proteínas -existem vários tipos- são uma espécie de "porto celular" onde o "navio HIV" atraca. Os "portos celulares" são conhecidos como receptores.
O outro elemento necessário para a entrada do HIV nas células é uma proteína chamada quemoquina. Também há vários tipos de quemoquinas.
Já se sabia também que a interação de uma quemoquina chamada RANTES com um receptor chamado CCR5 era capaz de impedir a entrada do HIV nos linfócitos.
Nova versão
O que os cientistas fizeram foi obter uma versão modificada da quemoquina RANTES, muito mais eficaz.
Segundo os pesquisadores, essa nova versão da proteína quemoquina -AOP-RANTES- é mais potente porque consegue bloquear a entrada do vírus da Aids nesses dois tipos de células do sistema de defesa.
A nova versão da proteína age da seguinte maneira: ela ocupa totalmente o "porto celular", impedindo que o HIV atraque na célula.
"O HIV fica em certos tecidos, em células como os macrófagos, durante a fase inicial da doença, quando os níveis de vírus no sangue ainda são muito baixos e não é possível detectá-lo", afirmou a pesquisadora.
"Nossos resultados mostram que é possível usar a descoberta para desenvolver um tratamento que poderia ser iniciado antes de os sintomas da Aids aparecerem e que também poderia impedir o HIV de se espalhar para outros lugares no corpo", disse Proudfoot.

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