São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
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CPI PARA A PLATÉIA

Até o momento, os questionamentos da CPI a representantes de grandes bancos serviram apenas à publicidade pessoal de alguns parlamentares. Na ausência de indícios mais fortes de envolvimento ou de linhas de investigação seguras, não foram obtidas informações que contribuam para o esclarecimento do escândalo dos precatórios.
Existe um "buraco negro" entre os leilões primários (quando os títulos são lançados pelo poder público) e os compradores finais (fundos de pensão e grandes bancos).
Em dez operações rastreadas pela CPI, por exemplo, um grande banco pagou R$ 50,4 milhões a mais do que os Estados e municípios receberam pelos mesmos títulos. Entre o Tesouro e os fundos de investimento da instituição está a "corrente da felicidade", um pequeno grupo de instituições menores que rateava esse lucro, fazendo a maior parte dele desaparecer sob o nome de "laranjas" ou em contas de doleiros.
Restam poucas dúvidas quanto ao caráter irregular dessa corrente e quanto à existência de um esquema, uma armação, com ônus para o Tesouro público. As explicações dos participantes fazem parte do anedotário da CPI. Trata-se de histórias como a do ex-vendedor de cosméticos que teria lucrado R$ 100 milhões em um único ano operando com títulos públicos ou do empresário que recebeu milhões de um misterioso René, do qual não conhece o sobrenome.
Não está claro, entretanto, à custa de quem operavam esses esquemas. Trata-se de averiguar se foram os Estados e prefeituras que venderam títulos abaixo do preço de mercado ou se os fundos de investimentos é que pagaram demais pelos mesmos.
A CPI já conhece alguns dos que lucraram ilicitamente. A convocação de bancos deveria ter ajudado a elucidar quem perdeu. Mas nesse sentido a investigação nada avançou.

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