São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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PMDB lidera as dissidências

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Foi generalizada a dissidência na base de apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso na votação da reforma administrativa anteontem. Dos 414 deputados aliados potenciais do governo, 107 negaram seus votos à proposta.
O governo conseguiu aprovar a reforma, em primeiro turno na Câmara, com 309 votos, um a mais do que o mínimo necessário. Antes da votação, o pior quadro esperado pelo líder do governo Benito Gama (PFL-BA) era de 310 votos.
"Esta é uma votação difícil porque não é ideológica. O deputado vota de acordo com seus interesses específicos ou de alguns de seus eleitores", afirmou Benito.
O deputado disse que, na próxima semana, conta com mais 20 votos, a favor do governo, de deputados que estão viajando ou que não compareceram por doença.
O PMDB bateu o recorde da dissidência entre os aliados: dos 98 deputados da bancada, somente 61 votaram com o governo. Nem o PFL escapou das defecções -24 deputados do partido deixaram de seguir a orientação do Planalto.
A bancada de Sergipe não deu nenhum voto para o governo. Dos oito deputados, um não compareceu e sete votaram contra.
PMDB
A dissidência no PMDB poderia ser maior. Antes da votação, liderados por José Pinotti (PMDB-SP), 41 deputados assinaram um manifesto com o compromisso de se abster no plenário. No final, foram 28 os que compareceram e não deram o voto para o governo.
"O líder Geddel (Vieira Lima, do PMDB baiano) fez o trabalho no plenário e conseguiu reverter votos de insatisfeitos", afirmou Henrique Alves (PMDB-RN).
O PPB, que durante a semana era o principal foco de resistência na base governista, votou confiante em que o governo vai apoiar seus destaques, como o que prevê a incorporação pelos aposentados de gratificações da ativa.
O deputado Gerson Peres (PPB-PA) afirmou que, se o governo não cumprir o acordo, o partido muda o voto no segundo turno.
Apesar do acordo do governo com a bancada dos aposentados, que deve permitir a aprovação da emenda que visa extrapolar o teto de R$ 10,8 mil, os dois principais líderes da bancada não deram seus votos à reforma. Jair Soares (PFL-RS) votou contra, e Nilson Gibson (PSB-PE) faltou à votação.
Ministérios
O líder do PMDB, Geddel Vieira Lima, disse que o partido mantém a expectativa de indicar os futuros ministros da Justiça e dos Transportes, apesar de mais de um terço da bancada não ter ajudado a aprovar a reforma administrativa.
"Uma coisa não tem vinculação com a outra", afirmou o líder. Ele considerou natural a dissidência -a maior entre os cinco partidos aliados ao Palácio do Planalto.
Vieira Lima disse que os votos contrários seguiram uma tendência do partido na votação de todas as reformas constitucionais propostas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Depois da votação, parte da bancada comemorou o resultado na casa do deputado governista Jurandir Paixão (PMDB-SP). No mesmo momento, o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RJ) recebia do governador Antonio Britto (RS) a informação de que ele será o novo ministro dos Transportes. Momentos antes da votação, Britto falara com FHC.
Ontem, a escolha de Padilha para o ministério não foi confirmada pelo Palácio do Planalto, embora também seja considerada certa pelo presidente da Câmara, Michel Temer (SP). Temer aposta também no deputado Aloysio Nunes Ferreira (SP) como provável futuro ministro da Justiça.
A bancada mineira do PMDB ainda reivindica o Ministério dos Transportes -o mais disputado da cota do partido na Esplanada. A deputada Maria Elvira (MG) atribuiu o comportamento dos colegas na votação da reforma às queixas por falta de espaço no governo.

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