São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997 |
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Empresários criticam FHC por negociação 'escandalosa' Fiesp considera "inaceitável" acordo sobre teto ANTONIO CARLOS SEIDL
Segundo essa avaliação, FHC não teria se empenhado com a mesma firmeza demonstrada por ocasião da tramitação da emenda constitucional para a sua reeleição. Para os empresários, ao ceder às pressões fisiológicas de deputados aliados e de oposição, FHC permitiu a aprovação, na Câmara, de uma reforma com o privilégio "inaceitável", segundo a Fiesp, do chamado extrateto. O acordo garante -para ocupantes de cargos transitórios, como parlamentares, ministros e o presidente- um limite salarial de R$ 10,8 mil e uma aposentadoria de até o mesmo valor. Os empresários temem que as reformas sejam desvirtuadas, se for mantida a tendência de uso de negociações políticas para as emendas constitucionais em balcão de negócios. Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, disse que a aprovação, em primeiro turno, da reforma administrativa é boa em si, porque atende a um anseio da sociedade brasileira. "A negociação para manter um privilégio só para parlamentares e altos funcionários é escandalosa", disse Moreira Ferreira. "O privilégio do extrateto deve ser claramente condenado por todos que estão realmente comprometidos com as reformas constitucionais, como é o caso da Fiesp." Dan Miller, presidente da Câmara Americana de Comércio de São Paulo, disse que ficou surpreso com a prevalência de interesses pessoais aos interesses do país. "Aparentemente, há um conflito entre o enorme apoio popular ao presidente Fernando Henrique Cardoso e às suas reformas e o comportamento do Congresso." Carlos de Paiva Lopes, presidente da Ericsson Telecomunicações, quer um empenho mais forte de FHC nas reformas constitucionais. Causa própria "Embora o fim da estabilidade ajude, é lamentável que os congressistas sempre procurem tirar vantagens para si próprios. Isso é inaceitável e prejudica muito a imagem do Legislativo." Nahid Chicani, vice-presidente da General Electric do Brasil, acha que a fisiologia do Congresso nas reformas acaba acarretando um custo alto para o contribuinte. "Infelizmente, não houve um envolvimento mais direto do presidente, como no caso da emenda para a reeleição", disse. Ricardo Young, presidente do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), afirmou que a votação da reforma administrativa mostrou que não haverá avanço efetivo na democracia brasileira, se não houver uma profunda reforma política com destaque para a fidelidade partidária. "No Congresso, cada um vota de acordo com seus próprios interesses, e o governo continua fazendo negociações fisiológicas para ter as reformas." Synésio da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos), disse que a votação de anteontem mostra que a base governista começa "a fazer água". Texto Anterior: Riso amarelo Próximo Texto: Exceção ao teto salarial pode sofrer contestação na Justiça Índice |
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