São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Brasil é 6º em crescimento de importações

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

O Brasil ficou em sexto lugar no campeonato mundial de crescimento das importações nos anos 90. O crescimento das importações brasileiras, entre 1990 e 1996, foi de 17%, na média anual.
É o que mostra relatório da OMC (Organização Mundial do Comércio) divulgado ontem em Genebra (Suíça), sede do organismo.
O relatório é uma coleção de más notícias para o Brasil, ao revelar a fragilidade do setor externo. É um fato já conhecido, mas que se torna mais agudo quando comparado ao resto do mundo.
Exemplo: embora figure, com destaque, na lista dos países cujas importações explodiram nos anos 90, o Brasil não aparece na relação dos que viram suas exportações se acelerarem da mesma forma.
A OMC listou, nesse capítulo, apenas países cujas exportações ou importações cresceram pelo menos uma vez e meia a média mundial (7%) de crescimento do comércio no período.
É natural a ausência do Brasil na relação dos exportadores em crescimento: o relatório da OMC menciona que "o volume de exportações do Brasil tem estagnado nos dois últimos anos".
Em ambos os casos, os números referem-se à estatística que exclui o comércio intra-União Européia, ou seja, entre os 15 países-membros da UE.
O Brasil é agora o 15º maior importador do mundo, mas, entre os exportadores, ocupa lugar mais modesto (o 19º). Exporta 1,2% do total mundial e importa 1,4%.
Outro dado negativo para o Brasil é o fato de já ter entrado na lista dos grandes importadores de serviços, ocupando o 25º lugar.
Mas não aparece na relação dos exportadores dessa mercadoria invisível, que tende a ser o setor comercial mais dinâmico no futuro próximo, com a iminente quebra de monopólios na área de telecomunicações e uma mais ampla abertura dos serviços financeiros.
O relatório da OMC aponta um número que pode ter consequências políticas importantes: a explosão do comércio entre os quatro países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
No ano passado, o intercâmbio entre os quatro sócios "alcançou o nível recorde de 22,5%" do total do comércio do Mercosul.
Números como esses tendem a ser usados para robustecer a crítica, feita no ano passado por Alexander Yates, economista do Banco Mundial, de que o Mercosul de fato favorece o comércio entre seus membros, mas é uma barreira para países não-membros.
A Argentina, aliás, é a primeira colocada nesse capítulo: entre 90 e 96, suas exportações cresceram ao ritmo anual médio de 34%, o dobro do Brasil.
Desaceleração
O relatório mostra uma forte brecada no crescimento do comércio mundial de mercadorias no ano passado: o valor subiu apenas 4% em 96, contra 20% em 95. Mas passou pela primeira vez a barreira dos US$ 5 trilhões, ao atingir US$ 5,1 trilhões.
Os serviços também mostraram crescimento mais modesto (5%, contra 14% no ano anterior), totalizando US$ 1,2 trilhão. A causa da desaceleração, segundo a OMC, foi o mau desempenho dos países asiáticos.

O jornalista Clóvis Rossi viaja à Alemanha a convite do governo alemão

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