São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Sem piloto, Argentina apóia Ferrari

Fanatismo marca país

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Ferraristas, saudosistas e fanáticos por todas as categorias do automobilismo, os argentinos já se acostumaram às idas e vindas da F-1 em seu território.
Um exemplo do apelo à velocidade: o presidente do país, Carlos Menem, tem uma escuderia -a Menem Competición disputa o circuito nacional de rali.
Os argentinos viveram os anos 50 com Juan Manuel Fangio e seus cinco títulos mundiais. Na década de 60, a categoria sumiu do país, ressurgindo no início dos 70.
A empolgação com Carlos Reutemann e o segundo aparecimento da F-1 durou até 1981.
Reutemann terminou sua carreira sem título, e as provas se afastaram do autódromo Oscar Galvéz, circuito inaugurado pelo general Juan Domingo Perón em 1953.
Em 1995, impulsionado pelo peronista Menem, mas sem um piloto nacional, a modalidade voltou pela terceira vez ao país.
A idéia inicial era fazer um circuito de rua no bairro de Palermo, uma das zonas mais nobres e movimentadas da capital argentina.
Finalmente, a corrida regressou à quarentona pista no subúrbio.
Em 1997, havia a possibilidade, depois frustrada, de que o piloto local Norberto Fontana estivesse entre os 22 participantes.
"Tinha muitas ilusões. Quem sabe no próximo ano", se consola Fontana, que foi piloto de testes da Sauber e, em 1997, disputa a Fórmula Nippon, no Japão.
A Ferrari tem torcida em todos os países, mas, na Argentina, ela é reforçada por dois motivos: a grande comunidade italiana e o passado de pilotos argentinos na escuderia.
"Chueco" Fangio, "Lole" Reutemann e José "Cabezón" Froilán correram pela equipe representada agora por Michael Schumacher e Eddie Irvine.
Mas o passado recente dá vantagem para as Williams no circuito. Nas duas últimas edições, a equipe saiu vitoriosa com Damon Hill. E a vitória de Jacques Villeneuve no Brasil lhe garante o favoritismo.
O GP deste domingo, que tem treinos hoje, é a 20ª corrida da categoria que se realiza no país.
A primeira aconteceu em 1953, com uma vitória do italiano Alberto Ascari (que empresta seu nome a uma curva do circuito) e uma tragédia (a Ferrari de Giuseppe Farina saiu da pista matando nove espectadores e ferindo 15).
No domingo, o presidente Carlos Menem deve estar no autódromo. No início de seu governo -está no poder desde 1989-, participou como co-piloto de algumas provas de rali.
Agora, como Jackie Stewart e Alan Prost, ele tem sua equipe própria, só que no campeonato argentino de rali. Mas a Menem Competición já se meteu em polêmica na primeira prova da temporada.
Os organizadores da prova denunciaram que Zulemita Menem, filha do presidente e chefe da equipe, pressionou para que um carro seu não fosse desclassificado depois de ser auxiliado pelo público.

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