São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Tela famosa fica de fora

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A grande frustração dos curadores da exposição em Washington foi não terem conseguido localizar um dos quadros mais famosos e menos vistos da fase azul de Picasso: "Casamento de Pierrette".
Apesar de diversas viagens ao Japão, Robert Boardingham, do Museu de Artes Plásticas de Boston, foi incapaz de descobrir o paradeiro da tela, comprada em 1989 pelo empresário Tomonori Tsurumaki, por US$ 51,6 milhões, o preço mais alto já pago por um Picasso em leilões e terceira maior quantia oferecida por um quadro na história.
Foi um dos últimos quadros da fase azul, feito quando Picasso tinha 24 anos. Sabe-se, pelos 15 esboços encontrados, que o pintor trabalhou bastante até chegar à formulação final sombria do casamento da personagem da "commedia dell'arte" com um homem velho e gordo.
O quadro parece ter sido destinado ao segredo e ao mistério. Pintado em 1905, foi comprado pelo comerciante francês George Renand em 1930 e desapareceu durante a Segunda Guerra Mundial.
Era dado como destruído quando o empresário sueco Fredrik Roos anunciou, em 1988, que o havia comprado dois anos antes do sobrinho do advogado de Picasso, que o havia mantido atrás de um armário por 40 anos.
Roos comprara "Pierrette" como investimento e o colocou num leilão internacional via satélite.
Tsurumaki, que tinha a intenção de abrir um museu em Tóquio, se apaixonou por "Pierrete" e o arrematou. Ficou em seu poder por menos de dois anos.
Foi tomado por credores de Tsurumaki, que enfrentava grave crise financeira pessoal. Como "Pierrette", obras de arte no valor estimado de US$ 3 bilhões estão em mãos de financeiras japonesas e longe dos olhos do público.
(CELS)

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