São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Angola dá posse a governo de união nacional

Cerimônia acontece hoje

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Toma posse hoje em Angola o governo de reconciliação nacional, última etapa do acordo que pôs fim à guerra civil que matou meio milhão de pessoas no período de 1975 a 1994.
O novo governo reúne o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) e os ex-guerrilheiros da Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), que se enfrentaram desde o fim do domínio colonial português até o acordo de paz assinado em Lusaka (Zâmbia).
Um último obstáculo, que quase impediu a realização da cerimônia, foi resolvido somente esta semana, quando o Parlamento angolano aprovou às pressas a concessão de status especial para Jonas Savimbi, da líder da Unita, hoje um partido político.
Entre outras provisões, a lei lhe garante o direito de consultas regulares com o presidente do país, José Eduardo dos Santos, uma residência oficial na capital, Luanda, e guarda-costas.
Mas Savimbi não vai comparecer à cerimônia de hoje. Ele diz que não há condições satisfatórias para garantir sua segurança fora de seu quartel em Bailundo, região central do país.
O gabinete foi dissolvido anteontem, e apenas o premiê Fernando França van Dunem foi mantido, por meio de um decreto presidencial. Quatro integrantes da Unita vão ser ministros. Diplomatas ocidentais estimam que não vá haver nos outros cargos.
O partido de Savimbi também vai ter sete vice-ministérios, além de diversas embaixadas.
Os presidentes de Portugal, Jorge Sampaio, da África do Sul, Nelson Mandela, e do Zimbábue, Robert Mugabe, devem participar da cerimônia.
500 mil mortos
A guerra civil em Angola começou logo às vésperas da independência do país em relação a Portugal e devastou o país.
A maioria dos estimados 500 mil mortos é de civis.
O conflito se desenvolveu como uma extensão da Guerra Fria: a Unita recebeu apoio dos EUA, da França e da África do Sul; o MPLA, da ex-URSS e de Cuba. Um tratado de paz só foi alcançado em 1991, permitindo uma interrupção dos combates e prevendo eleições em setembro do ano seguinte.
Mas a Unita não reconheceu a vitória do MPLA nas urnas, e a guerra civil recomeçou. Em 1993, a ONU impôs sanções sobre o grupo e exigiu que aceitasse o resultado.
Dois meses depois, recomeçou o diálogo de paz, que culminou com o tratado assinado em Lusaka em novembro de 1994. A manutenção da paz é garantida por tropas da ONU, que incluem militares brasileiros.

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