São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Expulsá-los-ia

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Por que o governador do Rio de Janeiro desistiu de expulsar sumariamente os PMs espancadores da Cidade de Deus?
Disse que ia fazê-lo e todo mundo pôde ouvir isso na TV. Também falou sobre a expulsão para a cúpula da segurança do Estado (comandante da PM, secretário da Segurança e chefe da polícia) e os repórteres que cobriam o caso ficaram sabendo.
Por que, então, no dia seguinte à manifestação de indignação contra a tortura dos homens fardados, disse que não era bem assim, que tudo iria ocorrer de acordo com a lei e que poderia garantir (ah, bom!) que os PMs não voltariam mais armados para as ruas?
Esse mistério -a mudança repentina e substancial de posição- está à espera de um esclarecimento convincente por parte do governador. Um dia diz que expulsa, no outro diz que não pode ir, assim, expulsando; que tudo depende de uma investigação da própria PM e que os soldados poderiam, "se não forem expulsos" (palavras do governador), ir para o serviço burocrático.
Não fosse Alencar um experiente político, advogado tarimbado, seria possível dizer que houve um engano: afirmou que iria fazer o que não está a seu alcance.
Hipótese dura de engolir, essa.
Outra possibilidade, mais palatável: a declaração de que iria expulsar sumariamente os PMs foi um factóide, ao estilo de César Maia.
Serviu para exibir uma disposição política impossível de ser bancada posteriormente.
A realização do prometido seria um detalhe menor, posto que tal declaração já teria sido, como o foi, amplamente divulgada pela mídia.
*
Por falar em César Maia, esse já botou na rua a campanha para o governo do Estado e, além de atacar Marcello Alencar, provoca os brizolistas ao dizer que vai retomar o projeto do Cieps, concebido pelo parceiro de Brizola, Darcy Ribeiro. Apropria-se de um defunto que não é seu.

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