São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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A visão do governo

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Passado o aperto da votação parcial da reforma administrativa, o governo tenta descrever o episódio como uma grande vitória.
Pela lógica do pragmatismo político, foi mesmo. "Foi a maior vitória que o governo teve em todos os tempos", disse o ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos.
O raciocínio do governo é simples.
Não havia consenso. O partido de FHC, o PSDB, estava rebelado. O PMDB fez um manifesto com metade de seus deputados pedindo o adiamento da votação. Dois ministérios estão vagos, e os políticos travam uma luta campal para indicar aliados. Enfim, a conjuntura pré-votação da reforma administrativa era um caos.
Apesar de tudo isso, houve a votação, e o governo conquistou uma primeira vitória sobre o tema.
Nenhum governista minimiza os problemas que foram evidenciados pela dificuldade na votação -só 309 votos a favor, quando o mínimo é de 308.
Mas todos enxergam na vitória apertada um sinal de que a sorte está ainda do lado do governo FHC. Mesmo quando faz quase tudo errado, ainda acaba se dando bem. A bola bate na trave, mas entra.
Para não ficar dependendo apenas desse fator imponderável, a sorte, muitos conchavos terão de ser alinhavados até a semana que vem.
O governo vai querer, de todas as formas, manter o acordo que fez com os líderes no Congresso. Isso significa que, na próxima semana, deve ser aprovada a emenda da reforma administrativa que permitirá o tal extrateto -com salários de até R$ 21,6 mil.
Não existe, ao contrário do que se imagina, a menor preocupação com a repercussão dessa indecência. Para o governo, o ônus dessa reforma será absorvido logo pelo eleitorado. Afinal, a eleição está longe no horizonte.
A grande dúvida agora é sobre a indicação dos ministros da Justiça e dos Transportes. Há duas correntes no governo. Uma defende a indicação já. E outra que prefere aguardar o final da votação da reforma administrativa.
FHC ainda não fez sua opção.

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