São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997 |
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Sem-terra são fiéis à terra recebida
LUCAS FIGUEIREDO
O trabalho também aponta como principais deficiências dos assentamentos feitos pelo governo a falta de infra-estrutura de saúde, educação e energia elétrica. A pesquisa mostra que 84% dos assentados têm origem no mesmo Estado onde receberam a terra. Só 16% vieram de outros Estados. Outro dado que comprova a fidelidade à terra é o índice de moradia: 94,22% vivem no terreno que receberam em programas de reforma agrária e só 5,78% moram fora da área de assentamento. Ao contrário do que afirmavam entidades ligadas aos fazendeiros, os sem-terra que se tornaram proprietários tinham larga experiência no trabalho rural. A média de tempo de trabalho no campo chega a 21 anos no Nordeste, 18 anos no Norte, 16 anos no Sudeste, 14 anos no Sul e 12 anos no Centro-Oeste. Antes de se tornarem donos da terra, 44% das famílias eram sem-terra, 16% eram posseiras, 14% eram proprietárias, 13% eram assalariadas rurais e outras 13% eram ligadas a outras atividades. "Alguns dos mitos da reforma agrária começam a ruir", afirmou ontem o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), ao apresentar a pesquisa coordenada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e pela UnB (Universidade de Brasília). Foram pesquisadas 10 mil famílias, trabalho que envolveu 1.750 alunos e 100 professores de 37 universidades. O governo e as universidades também estão realizando um censo com os assentados. Dados superestimados Os índices oficiais de reforma agrária estão superestimados. O número de famílias assentadas no país até hoje é de 250 mil, e não 325 mil, como registravam as estimativas oficiais. A diferença é de 23%, o que representa 75 mil famílias. A informação, dada ontem por Jungmann, foi colhida a partir de dados preliminares do censo que está sendo realizado. Texto Anterior: Justiça do ES revoga prisão Próximo Texto: Sem-terra não usarão foices em ato Índice |
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