São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Cabo diz que não tem certeza do que viu

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Cabo afirma não ter certeza do que viu
O cabo João Batista de Queirós contrariou a ordem de seus advogados e resolveu falar. Caracterizou o local das violências como uma área de "tráfico de drogas" e negou ter praticado crimes.
Ao ser perguntado pela juíza Maria da Conceição Pinto Vendeiro se havia visto seus colegas batendo em pessoas paradas nas blitze, disse ter visto "de relance alguma coisa", mas que não podia "ter certeza do que era'.
Ao ser perguntado se testemunhara a tentativa de homicídio contra o músico Sílvio Calixto Lemos no dia 3 de março, o cabo afirmou que viu apenas um disparo de arma de fogo.
"Eu não estava naquele local por vontade própria, mas obedecendo a uma escala da Polícia Militar de São Paulo. Se não estivesse na favela, estaria cuidando de minha família", afirmou cabo.
Soldado Barreto
O soldado Paulo Rogério Barreto foi interrogado logo após o cabo Queirós. Juntos, seus depoimentos duraram cerca de 40 minutos.
Barreto negou que tivesse formado uma quadrilha com os outros policiais acusados. Eles disse que xingou pessoas em uma blitz porque elas o estavam "tirando do sério". "Falei para eles respeitarem a polícia."
O soldado negou ter praticado abuso de autoridade. Disse também que o soldado Rogério Neri Bonfim deu uma bofetada em Sílvio Calixto Lemos porque "ele estava falando palavras de baixo calão que eu não tenho coragem de repetir para a senhora (a juíza)".
Barreto negou ter pego propina durante a blitz. Ele aparece no vídeo recebendo alguma coisa de uma das pessoas abordadas no dia 5 de março. "Peguei para revistar se havia droga. Depois, devolvi tudo à pessoa."
Barreto negou também ter dado cobertura aos colegas que tentaram matar o músico. "Não fiquei dando cobertura. A gente trabalha na favela fazendo a nossa segurança e a dos companheiros."
Ele negou ainda ter presenciado o disparo feito contra o músico. "Naqueles dias o ambiente na favela estava estranho. As pessoas ficavam provocando os PMs. Cerca de 90% da pessoas paradas não eram moradores do lugar, que é perigoso."
(MG)

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