São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Tenentes agridem porteiro de boate

CRISPIM ALVES

CRISPIM ALVES; DÉCIO GALINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os tenentes da PM Marcelo Andronovici de Carvalho, Fábio Barbosa Pizetta e Honorato Gitirana de Souza Júnior, todos com 26 anos, foram acusados de ter espancado o porteiro Gilson do Santos, 43, e o garçom João Batista, 44, que trabalham na boate Le Masque, na rua Bento Freitas, centro de São Paulo.
Os policiais, alunos da escola de educação física da PM, alegam que foram agredidos primeiro.
O caso aconteceu por volta das 4h50 de ontem. Segundo a Polícia Civil, a confusão começou depois que Santos pediu aos três PMs, que estavam à paisana e armados, que se retirassem da boate, por não estarem consumindo.
Nesse momento, segundo depoimento, Santos recebeu uma coronhada na cabeça de Souza Júnior. Depois, teria recebido outra coronhada de Pizetta, que trabalha na PM de Brasília (os outros dois são de São Paulo). O porteiro levou ainda pontapés e socos.
Batista afirmou à polícia que levou vários pontapés nas nádegas. "Tive sorte de só apanhar", disse Santos. "Um dos caras chegou a apontar e atirar. Ainda bem que a arma falhou." Batista confirmou. "Quando vi o cara sacando o revólver, fechei os olhos."
No boletim de ocorrência de lesão corporal dolosa (intencional) aberto no 3º DP (Santa Ifigênia), consta que Carvalho tentou dar o tiro. Apesar disso, apenas a arma que estava com Pizetta foi apresentada. Santos precisou levar pontos na cabeça. O espancamento começou na boate e na rua, sendo presenciado por três pessoas.
"Os PMs disseram que foram agredidos primeiro, mas, aparentemente, não apresentavam lesões", afirmou a delegada Yara Aparecida Arruda. Segundo ela, o policial Carvalho poderá ser indiciado por tentativa de homicídio.
Os oficiais acusados não quiseram dar declarações à imprensa. Um PM amigo deles, que não se identificou, disse que um deles teve a boca machucada por um soco. O porteiro Santos confessou que deu um soco no oficial. "Mas foram eles que quase me mataram."

Colaborou Décio Galina, do NP

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