São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Inflação nos EUA faz Bovespa cair 2,2%

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de São Paulo operou ontem por conta do terremoto que sacudiu o mercado nova-iorquino de ações. Em São Paulo, a queda chegou a ser de 2,4%.
Os investidores brasileiros temem que os juros mais altos nos EUA funcionem como um dreno, retirando recursos do mercado financeiro nacional para aplicações na economia norte-americana.
Esses recursos iriam para aplicações de renda fixa, cujos rendimentos tendem a ficar mais atraentes para o investidor.
Isso porque juros maiores encarecem a produção, inibem os investimentos produtivos, derrubando a demanda na economia.
Ou seja, juros altos tendem a tornar mais difícil a vida das empresas, cujos lucros tendem a cair.
Na Bolsa paulista, a atenção e o pessimismo do mercado se concentraram basicamente nos papéis das estatais que serão privatizadas. Telebrás PN chegou a cair 2,7%.
No entanto, segundo alguns operadores, a alta dos juros norte-americanos pode vir inclusive a ter um efeito positivo em um prazo de seis a oito meses.
O raciocínio é o seguinte: em um primeiro momento, a alta dos juros vai retirar recursos do país, recursos estes que irão para aplicações de renda fixa na economia norte-americana.
Porém, depois que a alta dos juros terminar, os administradores dos fundos precisarão olhar para os mercados de ações que podem dar melhor rentabilidade.
É aí que os chamados países emergentes -entre eles o brasileiro- podem se beneficiar, já que a economia desses países tem maior potencial de crescimento, ao menos em termos percentuais.
Essa tese, no entanto, tem uma precondição: o raciocínio vale desde que a alta dos juros não seja exagerada, ou seja, se chegar no máximo a uma taxa anual de 6,5% para os juros básicos.
Porém, como diz um desses operadores, até lá as Bolsas brasileiras irão amargar as consequências dessa mudança de rumo da economia dos EUA, com a consequente queda nos preços das cotações.
O nervosismo das Bolsas ontem não chegou a afetar o mercado brasileiro de câmbio. E não evitou que o BC voltasse a alterar a minibanda de variação do dólar, que pode oscilar agora entre R$ 1,059 e R$ 1,064.

E-mail: mercado@uol.com.br

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