São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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País tem duas obras embargadas

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Dezenas de obras já foram proibidas de circular por decisão judicial desde que a Constituição de 1988, que proíbe qualquer forma de censura, foi promulgada.
Hoje, pelo menos dois livros estão com suas vendas proibidas: "Nos Bastidores do Reino", do ex-pastor da Igreja Universal Mário Justino de Souza, e "A História que o Brasil Desconhece", de Guilherme de Pádua, condenado pela morte de Daniela Perez.
As decisões judiciais que embasaram essas proibições se deram a partir da interpretação de que as obras atingiam a honra de pessoas citadas -o que fere o inciso 10º do artigo 5º da Constituição.
Mas o inciso 9º desse artigo diz que "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença".
"Os juízes acham que substituíram os militares", critica o defensor público Paulo Ramalho, que é advogado de Guilherme de Pádua.
O argumento central dos defensores da irrestrita liberdade de expressão é dado pelo advogado Luís Francisco Carvalho Filho: "Os eventuais danos causados pela liberdade de expressão devem ser punidos e reparados posteriormente", diz.
O editor Luiz Fernando Emediato, que publicou o livro de Mário Justino, pretende levar o caso até o Supremo Tribunal Federal.
Igual disposição tem o jornalista Ruy Castro, cuja biografia de Garrincha, "Estrela Solitária", não pôde ser vendida por onze meses.
"O que está em jogo é a liberdade de publicar livros no Brasil", diz Castro.
(MSy)

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