São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cineasta francês afirma que documentário não ensina nada
JOSÉ GERALDO COUTO
O debate, promovido pela Folha em conjunto com o 2º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, foi mediado pelo crítico Amir Labaki, articulista da Folha e diretor-geral do festival. Considerado um dos maiores documentaristas contemporâneos, Ophuls explicou ao público presente ao debate que adotou o formato contra a sua vontade. "Depois do fracasso de um dos meus filmes de ficção, tive de aceitar o convite da TV francesa para realizar reportagens." Assim começou uma carreira que inclui documentários marcantes como "A Dor e a Compaixão" (71) e "Hotel Terminus - Klaus Barbie, Sua Vida e Seu Tempo" (88) premiados com o Oscar. Para surpresa de seus interlocutores, Ophuls declarou que, ao fazer um documentário, interessa-se mais pela forma do que em mostrar "a verdade dos fatos". "Os filmes não mudam as prioridades na vida de ninguém." Para Ophuls, a crença no cinema-verdade "é uma idéia tola que insulta os mestres do cinema, como Hitchcock e Max Ophuls, que faziam cinema melhor e eventualmente até mais realista". Instigado por Sylvio Back a falar sobre a proliferação das imagens violentas no cinema e na TV, Ophuls disse que colocar fora das telas cenas de brutalidade não resolve o problema da banalização da violência, mas atacou o cinema violento de ficção. O documentarista Wladimir Carvalho perguntou a Ophuls sobre o distanciamento do cineasta diante de seu objeto. "Acho que o diretor deve deixar claras suas opiniões, mas sem ensinar lições ao público", respondeu. (JGC) Texto Anterior: Santos surge com graça Próximo Texto: Revolta contra uma vacina vira "Sonhos Tropicais" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |