São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Angola estabelece governo de união nacional

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tomou posse em Angola o governo de união nacional. A cerimônia marca o fim da guerra civil que assolou o país de 1975 a 1994.
Em cerimônia realizada em Luanda (a capital angolana) foi estabelecido o novo governo do país, resultado de uma coalizão entre o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) e a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola).
Estavam presentes 13 chefes de Estado, entre os quais, os presidentes de Portugal, Jorge Sampaio, e da África do Sul, Nelson Mandela.
"A formação deste governo é mais um passo fundamental no longo e difícil caminho para a paz", discursou o líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, que continua sendo o presidente do país.
Santos lamentou a ausência, na cerimônia, de Jonas Savimbi, o líder da Unita. Savimbi enviou seu vice, Antonio Dembo. O líder da Unita havia dito temer por sua segurança pessoal.
Dembo, lendo discurso de Savimbi, disse que o novo governo deveria se comportar com abertura e espírito de unidade.
Tomaram posse, também ontem, 34 ministros, dos quais 4 (Minas, Saúde, Turismo e Comércio), são membros da Unita.
Savimbi conseguiu status especial de dirigente de Estado e tem a faculdade de indagar qualquer autoridade (presidente e ministros) sobre questões que considere relevantes.
O líder da Unita, que é agora um partido político, se tornou a segunda figura mais importante da política angolana.
Longa guerra
Um saldo de meio milhão de mortos, uma economia em pedaços e uma legião de mutilados são o saldo da guerra civil que se seguiu à independência de Portugal, em novembro de 1975.
Durante a luta contra os portugueses, duas facções se formam no país. De um lado o MPLA, de esquerda, apoiado pela ex-URSS e por Cuba; de outro a Unita e o FNLA (Frente Nacional para Libertação de Angola, que se extinguiu alguns anos depois do início dos conflitos), de direita, apoiados pela África do Sul e pelos EUA.
Proclamada a independência, as facções passam a se enfrentar pelo controle do país.
Na segunda metade da década de 80, Cuba e África do Sul concordam em retirar suas tropas.
Em novembro de 1994, os líderes do MPLA e da Unita assinam cessar-fogo em Lusaka, a capital da Zâmbia. Nos meses seguintes, os choques continuam, apesar da vigência do acordo.
A paz parece ser definitivamente estabelecida apenas em 1º de março de 1996, quando Savimbi concorda em criar um governo de coalizão nacional.

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