São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Kabila quer estrangeiros fora do Zaire

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes do Zaire aconselharam os estrangeiros a deixar a capital, Kinshasa, em uma indicação de que podem atacar a cidade a partir de amanhã, quando termina um ultimato dado ao ditador Mobutu Sese Seko.
Os EUA colocaram seus soldados na região em "alto estado de alerta", frente à possibilidade de uma operação militar para retirar norte-americanos de Kinshasa, cidade de mais de 4 milhões de habitantes separada do Congo apenas pelo rio do mesmo nome -é a partir do Congo que os americanos devem agir.
A guerrilha liderada por Laurent Desiré Kabila, um veterano combatente de esquerda na África, já ocupa mais de um terço do país e vem encontrando pouca resistência para avançar. Até amanhã, Kabila promete manter um cessar-fogo para permitir a renúncia de Mobutu.
Mas o presidente, no governo há 32 anos, não dava sinais de preparar a renúncia. O novo premiê, general Likulia Bolongo, homem de confiança de Mobutu, anunciou a criação de um governo de salvação nacional.
São 28 nomes, incluindo dois generais no comando dos ministérios da Defesa e do Interior.
Likulia disse que Mahele Lieko (Defesa) vai ter como principal encargo reestruturar o Exército do Zaire, que tem se mostrado indisciplinado, mal preparado e inclinado a reiteradas violações dos direitos humanos.
Ontem, quatro jornalistas disseram que foram agredidos e ameaçados de morte por soldados do governo em Lubumbashi pouco antes de os rebeldes a capturarem, nesta semana.
Os jornalistas, três homens e uma mulher, só foram libertados por intervenção da Snip, a polícia de segurança. Seus carros e câmeras foram confiscados.
O governo da África do Sul anunciou que está disposto a dar asilo a Mobutu caso ele renuncie. O país atua como negociador na crise e, dessa forma, aumenta a pressão contra Mobutu.
Brasileiras Sete missionárias brasileiras casadas com zairenses deverão ser retiradas do Zaire em até 48 horas, segundo o Itamaraty.
As mulheres e seus maridos serão removidos em operação de emergência do governo de Portugal, que vai levar para Lisboa os cidadãos portugueses residentes no Zaire.
O Itamaraty informou que, como a representação diplomática brasileira no Zaire está temporariamente desativada, foi pedida ajuda ao governo português para a retirada das brasileiras.

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