São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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Tráfico domina Cidade de Deus

DA SUCURSAL DO RIO

Traficantes rivais estão disputando o controle do tráfico na Cidade de Deus (zona oeste), aproveitando a diminuição do policiamento após a exibição na TV de cenas de agressão policial contra moradores da favela.
Segundo moradores, os policiais do 18º BPM (Batalhão de Polícia Militar) não entraram mais na favela e têm se limitado a fazer rondas pelas avenidas próximas, desde a noite de terça-feira passada.
Naquela noite, um dia depois da exibição pela TV das cenas de agressão, gravadas por um cinegrafista amador, um grupo de PMs teria ido à favela para fazer ameaças a quem os delatasse.
Anteontem, os corpos de Damião Cristiano Caetano Marques, 18, e Gustavo José dos Santos, 18, foram encontrados num terreno baldio na favela. Segundo a polícia e os moradores, os dois teriam sido assassinados pelos traficantes locais porque estariam vendendo cocaína sem autorização.
"Isso aqui é como uma firma, ninguém pode ir chegando e vendendo pó sem autorização dos do nos do movimento", disse X., viciado e empregado do tráfico.
O tráfico nesta área da Cidade de Deus era dividido entre três chefes. Dois deles, identificados como César e Barreto, foram presos. O terceiro permanece no comando.
A família de L., 19, um dos rapazes espancados nas cenas exibidas na TV, deixou a favela e está abrigada sob a proteção do Estado. E., outra vítima do espancamento, está escondido na casa de parentes.

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