São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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MST vê 'agregado' à marcha com restrição

Para Stédile, faminto deve invadir mercado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A coordenação do MST vê com restrições a adesão de trabalhadores das mais variadas categorias à marcha dos sem-terra.
João Pedro Stédile, um dos coordenadores nacionais do MST, é contra a criação de uma única frente de oposição.
Ele contou que tem sido procurado por pessoas que desejam se unir ao MST, mesmo pertencendo a outras categorias.
Para essas pessoas ele dá o mesmo conselho: "No caso dos desempregados, acho que eles têm de ficar na cidade. Lá, se estiverem sem casa, invadem um terreno baldio e, se não tiverem comida, devem invadir um supermercado", disse.
As restrições de Stédile são reforçadas pelo comportamento da população das cidades-satélites. Atrás dos sem-terra que marcham, sindicatos e partidos políticos tentam pegar carona para aproveitar a aglomeração, mas não têm obtido sucesso.
Enquanto os sem-terra passam cantando músicas sobre a luta pela terra e as dificuldades no campo, os sindicalistas insistem nos discursos contra a "política neoliberal do governo".
O resultado é que, apesar de usar carros de som potentes, a população vira as costas quando começam os discursos.
Segundo Stédile, o objetivo do MST é estimular a formação de novas organizações. "É o nosso projeto político", afirmou.
Longe dessa discussão, ontem, cerca de 1.500 metalúrgicos, servidores e ferroviários tentaram mobilizar pessoas para o primeiro ato antes da manifestação de amanhã.
O trabalho de conquista foi realizado em frente ao Congresso, sem sucesso. Além das três categorias, não houve outras adesões. No entanto, os sindicalistas negam que haja qualquer racha entre o MST e os trabalhadores urbanos.

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