São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Igreja quer doar suas áreas improdutivas

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A ITAICI

Os dados são da pesquisa "Terras da Igreja no Brasil", realizado pelo Ceris (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais, órgão da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Segundo o estudo, a igreja possui 9.453 imóveis rurais. Desses, 8.197 têm finalidade religiosa ou são usados pelas comunidades locais. Outros 1.256 são usados para agricultura ou agropecuária.
A pesquisa foi realizada em 1996 a partir de questionários enviados para todas as dioceses e congregações religiosas do país pela CNBB. Cerca de 90% delas responderam.
"O estudo mostra que a Igreja Católica não é mais uma latifundiária no país", disse d. Demétrio Valentini, responsável pela pastoral social da CNBB.
Imóveis
A maior parte dos imóveis rurais da igreja no Brasil é pequena. Pelo menos 96% possuem área inferior a 100 hectares. Apesar de numerosos, eles representam apenas 14,2% da área total da igreja.
Já os imóveis com área igual ou maior de 1.000 hectares representam 54,4% da área total pertencente à igreja, constituindo 0,6% do total de imóveis.
Por divisão regional, os imóveis da igreja com área igual ou superior a 1.000 hectares se distribuem da seguinte maneira: 87,3% no Norte, 61,2% no Centro-Oeste, 56,3% no Nordeste, 32,9% no Sudeste e 7,4% no Sul.
Segundo o estudo, desde 1960 a igreja já se desfez de propriedades de pelo menos 293.823 hectares, área superior à que ela possui hoje.
Desse total, 87.098 foram cedidos a lavradores, entidades sociais ou para reforma agrária.
"A igreja sempre colaborou com a reforma agrária, mas o estudo vai servir para que esse processo seja acelerado", disse d. Valentini.
A diocese que possui a maior extensão de terras é a Prelazia de Marajó (AM). Prelazia é a área de jurisdição de um prelado da igreja.
Ela possui duas áreas doadas recentemente, uma de 6.000 hectares e a outra de 8.000 hectares.
As propriedades ficam na floresta amazônica, no município de Bagre. Segundo d. José Ascona, bispo da prelazia, as terras ficam a 48 horas de barco de Marajó.
"Estou procurando uma destinação adequada para a terra, mas ninguém ainda se interessou por elas", disse o bispo.

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