São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997 |
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Presidência da CNBB não endossa críticas
LUIS HENRIQUE AMARAL
A discussão do documento, preparado pelo Ibrades (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social, ligado à CNBB), aconteceu sábado na assembléia. Anteontem, a assessoria de imprensa da presidência divulgou nota afirmando que a acusação é "falsa, desabonadora para o Congresso e insultuosa ao governo". Segundo d. Jayme Chemello, vice-presidente da CNBB, o documento "não é a visão da conferência, não corresponde à visão dos bispos". Quanto à acusação de corrupção na votação da emenda da reeleição, d. Chemello afirmou: "Eu não sei se houve corrupção, mas muita gente diz". O bispo explicou que o documento era "apenas um subsídio" para fundamentar as discussões sobre a conjuntura brasileira durante o encontro. Apesar de não endossar o documento, o vice-presidente da CNBB afirmou que ele servirá para fundamentar uma declaração oficial da entidade, que deverá ser divulgada hoje, sob o título "Vida com Dignidade e Participação". O documento vai abordar os seguintes temas, propostos pelos bispos: neoliberalismo, massacre de trabalhadores sem terra, trabalho escravo e reforma agrária, entre outros. O pronunciamento será crítico ao governo FHC, mas sem acusações pesadas. "A assessoria da Presidência contestou dados que foram tirados dos jornais, a CNBB não tem uma central de estatística própria", disse d. Chemello. Os bispos da CNBB só ficaram sabendo da resposta ao documento do Ibrades pelos telejornais de segunda-feira à noite. A presidência da entidade entrou em contato com a Casa Civil da Presidência da República, que passou a íntegra da nota por fax para d. Lucas Moreira Neves, que preside a CNBB. D. Lucas, d. Chemello e o secretário-geral da entidade, d. Raimundo Damasceno, permaneceram em reunião até as 23h. Na reunião, os três concluíram que o "próprio governo havia entendido que o documento não representava a palavra oficial da CNBB" e decidiram não redigir uma nota de resposta. Polêmica O documento intitulado "Análise da Conjuntura Socioeconômico-Política Brasileira", foi preparado pelo Ibrades (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social), órgão que pertence à CNBB. O estudo acusa o governo de não cumprir as metas sociais prometidas na campanha eleitoral. "O governo atual foi eleito defendendo um programa social: os cinco dedos da mão representavam a educação, a saúde, o emprego, a agricultura, a segurança. São exatamente estas áreas as quais o Estado menos tem investido nos últimos dois anos", diz. (LHA) Texto Anterior: A extensão das terras da Igreja Católica Próximo Texto: Motta acusa bispos de partidarismo Índice |
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