São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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EUA taxam 133 produtos argentinos

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

O governo Bill Clinton impôs sanções ontem à Argentina para punir o país por sua lei de patentes de medicamentos.
No ano passado, a Argentina prorrogou para 2001 uma mudança em sua lei. Só a partir desse ano o país passaria a pagar pelas patentes registradas em outros países.
Mais de 133 produtos argentinos perderam os benefícios derivados do SGP (Sistema Generalizado de Preferências).
Ou seja, haverá um aumento da alíquota de importação nos EUA para esses produtos.
As sanções incluem produtos químicos, manufaturados, metais e agrícolas, o que deve representar um corte de US$ 260 milhões nas exportações do país aos EUA.
Em 1995, por exemplo, a Argentina vendeu aos EUA produtos da ordem de US$ 515,7 milhões com as facilidades do SGP.
Pescados e petroquímicos
Esses são alguns dos produtos argentinos sancionados pelo governo dos EUA:
1) Alimentos: pescados, leite em pó, alho e açúcar.
2) Químicos: mercúrio, silicatos, propanol, butanol, álcool, ácidos e pesticidas.
3) Produtos de higiene: maquiagem, desodorantes e sabonetes.
Além desses, produtos eletrônicos e mecânicos de cobre, zinco, ferro, prata e fibras sintéticas perderam suas vantagens.
Essas sanções já haviam sido prenunciadas para as autoridades da Argentina. Na semana passada, o avisado foi o chanceler do país, Guido Di Tella.
As restrições dos EUA não são tão relevantes economicamente.
Elas servem mais como castigo para a Argentina por sua lei de patentes e pela confidencialidade de processos de invenção, o que não agrada as multinacionais farmacêuticas norte-americanas.
Reação argentina
O Congresso argentino estuda represálias para a medida norte-americana, como, por exemplo, excluir empresas dos EUA de licitações públicas no país.
Segundo o deputado Humberto Roggero, presidente da Comissão de Indústria da Câmara, as represálias argentinas incluiriam as empresas de capital proveniente "total ou parcialmente" dos EUA.
Os parlamentares argentinos irão enviar um pedido ao Brasil, Paraguai e Uruguai (sócios dentro do Mercosul) para que também criem travas para os produtos dos EUA.
Em contrapartida, a Argentina apoiaria qualquer represália iniciada no futuro por seus sócios de bloco econômico.

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