São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Telefone chega antes de regularização de lote

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A população do conjunto União da Vitória, o maior agrupamento de invasões de sem-teto de Londrina (norte do PR), teve o benefício de telefones antes mesmo de ter a regularização dos lotes e a identificação de suas ruas.
Resultado de uma invasão de 1.500 famílias de sem-teto em 1985, o União da Vitória tem hoje 14 mil habitantes.
Segundo Edgar Campos de Souza, 30, presidente da Associação de Moradores do União da Vitória, zona sul de Londrina (379 km ao norte de Curitiba), cerca de 65% das casas do conjunto possuem telefone "antes mesmo de asfalto, saneamento básico e outras melhorias".
Segundo ele, o telefone tem ajudado a população a livrar o União da Vitória do estigma de "favela violenta". "Hoje um marginal pensa duas vezes antes de atacar alguma casa ou alguém, pois sabe que a polícia pode ser acionada pelos moradores, por telefone."
Maria Aparecida de Brito, 56, tem telefone há um mês. Ela afirma que a maior vantagem "é não depender de orelhões, onde você fica exposto e sem privacidade".
Morando com dois filhos em um barraco de três cômodos, Maria afirma que o preço mensal do aluguel da linha (R$ 22,50 ) "ainda é caro, mas compensa".
O servente de pedreiro Vilson da Silva Novas, 19, aponta a segurança como a maior vantagem de um telefone em casa. "Antes, quando havia um tumulto, ninguém tinha coragem de avisar a polícia, pois os marginais partiam para cima de você. Hoje ninguém sabe quem ligou e a violência diminuiu."
(JM)

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