São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Mobutu reprime estudantes em Kinshasa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A oposição zairense manteve ontem, pelo segundo dia, a greve geral em Kinshasa, a capital do país.
O presidente Mobutu Sese Seko colocou forças de segurança, paramilitares, nos acessos aos campi universitários para conter protestos estudantis.
"Não estamos permitindo que os carros passem. Logo os estudantes vão começar a tomar carros para protestar", disse um oficial na avenida 24 de Novembro, uma das principais da cidade, que serve dois campi.
Os organizadores dos protestos, partidários do líder oposicionista Etienne Tshisekedi, orientaram os estudantes a deixar as aulas e destruir ou tomar de assalto os carros que encontrassem. Esse método já foi usado em protestos anteriores contra Mobutu.
Tshisekedi foi primeiro-ministro durante poucos dias, neste mês. Para destituí-lo e conter os protestos, Mobutu decretou estado de emergência e nomeou um general leal para o cargo.
Fuga
O antecessor de Tshisekedi, Kengo wa Dondo, fugiu domingo do Zaire para evitar complicações judiciais, disse ontem um porta-voz do governo. De acordo com um funcionário, Kengo deixou um rombo no Banco Central.
As ruas de Kinshasa, cidade de 5 milhões de habitantes, ficaram vazias novamente, com todas as atividades paralisadas. A maioria dos moradores ficou em casa temendo a repressão do governo ou protestos violentos.
Além da oposição na capital, Mobutu enfrenta também a guerrilha de Laurent Kabila, que já domina todo o leste e o sul do país.
Segundo a África do Sul, Kabila e Mobutu estão próximos de um acordo. O vice-chanceler Aziz Pahad disse que Kabila deve ir à África do Sul em breve.
A principal reivindicação de Kabila é a renúncia de Mobutu, que parece iminente e a quem a África do Sul já ofereceu asilo.
O presidente, ditador há 32 anos, está doente e acaba de perder totalmente o apoio internacional que ganhara do Ocidente na época da Guerra Fria.
Eleições adiadas
Mas ontem Nzanga Mobutu, filho do ditador, disse que "os que falam de exílio confundem seus desejos com a realidade". Nzanga, que é o responsável pela Comunicação do governo do pai, disse em Bruxelas, Bélgica, a antiga potência colonial, que as eleições multipartidárias "não poderão ser mantidas" para o dia 9 de julho.
"Será necessário reorganizar as coisas, e isso levará algum tempo", disse Nzanga.
Nas atuais circunstâncias, entretanto, poucos acreditam que o Zaire chegue realmente às eleições de julho -pelo menos com Mobutu ainda no poder.

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