São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Ciúmes de homem

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Explodiu de vez uma guerra de egos entre os líderes partidários governistas na Câmara.
Os líderes são deputados escolhidos pelas suas respectivas bancadas. Sua função é representar os colegas de partido em negociações dentro do Congresso e junto ao governo.
Ser líder, para resumir, é a chance de ouro que o parlamentar tem de aparecer na mídia com frequência.
A disputa atual se dá em torno da reforma administrativa. De um lado está o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). Do outro, o líder do PSDB, Aécio Neves (MG). No meio, os outros.
Tudo começou porque Aécio Neves assinou e depois criticou o malfadado acordo sobre a criação de um teto salarial especial de até R$ 21,6 mil.
Há controvérsia sobre o ocorrido. Neves diz que não falou nada em público que não tivesse dito em particular. Já Inocêncio acha que o tucano não sustentou sua palavra.
O fato é que o tal extrateto foi catapultado para o espaço, talvez para perto do cometa Hale-Bopp. Foi uma vitória de Aécio Neves. Não para Inocêncio, que prefere dizer que houve uma pressão da opinião pública.
O fato é que a rixa está crescendo a ponto de prejudicar a votação da reforma administrativa, hoje à tarde.
Um exemplo: indicado por Sérgio Motta para organizar uma reunião de líderes anteontem à noite, Inocêncio nem pensou em chamar Neves.
Não adiantou. Serjão telefonou para o líder tucano três vezes durante o encontro. E acabou jantando com o deputado nas primeiras horas de ontem.
Fala Aécio Neves: "Não tem nada pior do que ciúmes de homem. Espero que o líder do PFL perceba que o interesse do país é mais importante e prevalece sobre questões menores".
Responde Inocêncio: "Coloco os interesses do meu país em um plano muito alto, conforme reconhece até o presidente da República. Além disso, fui aclamado líder da minha bancada por unanimidade, enquanto ele (Neves) é um líder imposto. Como então falar de ciúmes?"
Hoje será um dia quente na Câmara.

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