São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Procura-se fonte de intriga

CLÓVIS ROSSI

Brasília - O ministro da Educação, Paulo Renato, está à caça da fonte que, supostamente, informou ao "Jornal do Brasil" que o ministro teria pedido demissão na sexta-feira.
O que intriga o ministro é o fato de que todo o texto a seu respeito, publicado domingo, é verdadeiro, menos, segundo ele, o pedido de demissão.
Por isso mesmo, acredita que a informação sobre a demissão não foi inventada pelo jornalista, mas "vendida" a ele por alguma fonte localizada na própria sede governamental. É essa pessoa que o ministro está empenhado em localizar.
É um episódio tristemente eloquente. Primeiro por mostrar que há divergências mais sérias do que se nota na superfície entre expoentes da equipe Fernando Henrique Cardoso.
No caso, a divergência entre Paulo Renato e Pedro Malan (Fazenda) girou em torno da demora na liberação de verbas para pagar bolsistas brasileiros no exterior. Como não parece um tema que justifique uma crise, fica razoável deduzir que houve outros atritos, eventualmente em torno de problemas mais sérios.
Mas mais inquietante é verificar que as intrigas e futricas internas que marcaram governos anteriores continuam presentes. Pior ainda: um ministro da mais íntima e absoluta confiança do presidente da República, como é o caso de Paulo Renato, sente-se apunhalado pelas costas por alguém que trabalha ao lado ou, pelo menos, perto de FHC.
Se aconteceu com Paulo Renato, é fácil imaginar o que pode acontecer com um punhado de outros ministros cuja intimidade com o presidente é próxima de zero.
O notável é que o ministro não acredita que o erro de informação seja de responsabilidade do jornal ou do jornalista, sempre os culpados mais à mão quando são publicadas informações desagradáveis.
Entre erro de informação e intriga, o ministro fica com a intriga. É sintomático.

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