São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997 |
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Leque amplo de apoio preocupa liderança
IGOR GIELOW
A chegada da marcha pode entrar para a história do governo FHC como a primeira demonstração de vigor da oposição. Nunca houve chance de exposição tão grande para os contrários a FHC. E para outros não tão explicitamente de oposição: o Conselho Federal de Psicologia convocou ontem seus filiados para a marcha. "Disposição para interferir no próprio destino é elemento fundamental para a manutenção da saúde mental", diz nota oficial. Stédile O próprio ideólogo do MST, João Pedro Stédile, disse anteontem que cada categoria deveria marchar "sua própria marcha". Disse que preferia ver "quem tivesse fome invadindo supermercados". Stédile teme que a miríade de movimentos sociais ou corporativos que se agrega neste ponto final da marcha possa diluir a bandeira de defesa da reforma agrária a que ela se propõe. Sabe que há possibilidade de o movimento ser confundido a tantos outros contra a "política neoliberal de FHC". São 1.400 sem-terra em marcha. O Distrito Federal crê em até 50 mil pessoas se aglomerando. Entre os manifestantes, há entidades de seringueiros, índios, negros, meninos de rua, aposentados, mulheres, bancários, professores, médicos, servidores públicos e toda sorte de políticos. "Vejo com bons olhos a solidariedade, mas espero que os sem-terra sejam espertos com os oportunistas. Eles correm o risco de serem usados", afirma José Antônio Trasferetti, professor da PUC de Campinas que atua junto a movimentos populares. Quase todos os manifestantes trarão agendas próprias. Segundo a confederação dos professores da rede pública, os 4.200 representantes da classe que irão à marcha vão pedir a manutenção das aposentadorias especiais e da estabilidade do servidor. Protestos contra a venda da Vale do Rio Doce também serão uma constante, diz a CUT. Há outros temas: o Proer e as demissões do Banco do Brasil, criticada pelos 2.500 bancários paulistas que devem ir a Brasília. "Isso em princípio não é o problema. Acho que a marcha leva à discussão de base sobre o campo, o que é importante", afirma a socióloga Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins, da USP. Texto Anterior: Reforma agrária cria os sem-informação Próximo Texto: Como será a manifestação de hoje em Brasília Índice |
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