São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Supostos espiões não são policiais

Afastado é metalúrgico ligado à CUT

DANIELA FALCÃO; PATRICIA ZORZAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

As três pessoas expulsas anteontem do acampamento que reúne sem-terra do Sul e Sudeste, acusadas de serem agentes infiltrados da Polícia Militar, não tinham qualquer ligação com a PM, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal e a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Duas delas -o metalúrgico Elmo Pinheiro, 42, e a professora aposentada Marisa Zanirato, 43- são antigos militantes de sindicatos e organizações populares em Campinas e Assis (SP). O terceiro expulso é o balconista desempregado Edson Santana Amorim, 22.
Ontem, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado do MST, admitiu que a expulsão foi um erro.
Ontem à tarde, José Rainha Jr., da direção nacional do MST, afirmou que não acreditava ter cometido qualquer injustiça e disse que era necessário chamar Pinheiro e Marisa ao palco para que fossem vaiados pelos sem-terra. "Temos de dar o exemplo."
Militância
Elmo Pinheiro militou no Sindicato dos Metalúrgicos entre 1979 e 1987 e está desempregado. "Ele era um dos melhores piqueteiros que conheci", disse João Carlos Gonçalves, presidente do Dieese.
Marisa, que é professora aposentada de filosofia, faz parte do Conselho Gestor de Saúde de Assis. "Essa marcha era o sonho da vida dela", disse o vereador Reinaldo Almeida, do PT de Assis.
O MST decidiu expulsar os três depois de achar um bilhete (de 8 de março) em que Pinheiro se identificava como "soldado em marcha" e pedia para que o "comandante Jorginho" deixasse "coisas com a companheira Marisa ou com Santana" se não chegasse a tempo no local marcado.
O comandante Jorginho é na verdade Jorge Luís Martins, membro da executiva nacional da CUT. Ele disse que o tratamento é "carinhoso".
As "coisas" que deveriam ser entregues eram objetos de uso pessoal, como pasta de dente, cueca, camiseta, tênis e escova.
(DANIELA FALCÃO e PATRICIA ZORZAN)

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