São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Anistia Internacional acompanha o caso

Advogado uruguaio faz crítica a julgamento

FERNANDA DA ESCÓSSIA; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O advogado uruguaio Edgardo Carvalho, emissário da Anistia Internacional para acompanhar o caso da chacina de Vigário Geral, criticou a decisão da Justiça de convocar o julgamento sem ter recebido o laudo balístico.
Para Carvalho, 61, a Justiça deveria ter esperado a chegada do laudo.
"Como foi fixada a data sem se ter providenciado antes esse laudo? Tem alguma coisa que não compreendo aqui. Vou estudar o Código de Processo Penal", disse.
O emissário da Anistia enviará um relatório à sede da entidade, em Londres.
"Um adiamento é sempre frustrante, mas quero supor que a Justiça brasileira está fazendo uma aplicação correta da lei processual. Parece-me que há provas novas e importantes que precisam ser avaliadas", afirmou o advogado.
Carvalho disse que o relatório é confidencial e conterá recomendações reservadas ao governo brasileiro.
Ele afirmou que a Anistia está preocupada com os casos recentes de violência policial ocorridos em Diadema, em São Paulo, e em Cidade de Deus, no Rio.
"Tem havido uma grande violência contra as classes mais pobres e muitos desses casos não vão sequer a julgamento", disse.
"Estamos preocupados, especialmente, com a impunidade. É ela que gera mais violência", afirmou.
Human Rights
O coordenador da Human Rights Watch/Americas, James Cavallaro, disse que o adiamento parece justificado pela existência de novas provas, mas criticou a investigação realizada desde a chacina.
"Nunca, em lugar nenhum, vi corpos serem enterrados com balas. Tudo isso mostra uma falha do aparelho estadual de investigação.", afirmou.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA e SERGIO TORRES)

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