São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
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Winona Ryder reencontra ideal familiar

ANDY SEILER
DO USA TODAY

Quando Winona Ryder tinha 12 anos e estava apenas começando sua carreira profissional, o pai da atriz lhe deu um exemplar da peça "The Crucible", de Arthur Miller.
"Algum dia, Nonie, você deve interpretar Abigail Williams", disse Michael Horowitz. "É um grande papel."
Hoje, Horowitz lembra desse dia. "Ela estava estudando em San Francisco e procurava peças de teatro que a estimulassem. Então, achei que ela adoraria 'The Crucible"'.
E adorou. Prova disso é a participação que tem em "As Bruxas de Salem", adaptação que o próprio Miller fez para o cinema e que estréia hoje no Brasil.
"Meu pai está nas nuvens por causa desse filme", conta Ryder. "Para ele, esse é melhor papel que já fiz em minha vida."
Ryder tem sido criticada pela imprensa devido a sua decisão de interpretar uma vilã. "Todos os jornalistas me xingaram. Confesso que está sendo difícil aguentar isso", afirma.
Em "As Bruxas de Salem", Ryder é Abigail Williams, uma adolescente que descobre ter poderes extraordinários, e apoio das autoridades locais, quando se diz possuída pelo diabo e começa a citar nomes de outros supostos possuídos.
"Toda a questão se resume em saber o quanto ela está sendo cínica e o quanto ela realmente está se prejudicando por causa disso", afirma Arthur Miller. "Acredito que Winona conseguiu transmitir isso com total equilíbrio. Ela é capaz de fazer tudo."
Para Ryder, o equilíbrio citado por Miller é o resultado de um trabalho em que "você tem que encontrar algo humano e simpático no personagem, mas sem passar essa simpatia para o público".
"Tenho certeza de que até mesmo Anthony Hopkins não poderia encontrar a exata interpretação de Hannibal Lecter (em "O Silêncio dos Inocentes") considerando apenas a dimensão cruel daquele homem. Abigail vem de um local de verdadeira devastação e confusão, de uma época em que não se podia falar tudo o que se pensava, especialmente se você fosse uma garota", continua a atriz.
Bem diferente da personagem que encarna no filme, a livre expressão, aliás, é a marca da família da atriz. Seus pais foram destacados ativistas políticos nos anos 60 e 70, e, para eles, "As Bruxas de Salem" -por retratar a repressão e o autoritarismo- é uma das melhores obras já escritas.

Tradução de Denise Mota

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