São Paulo, sábado, 19 de abril de 1997
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Coleção de d. Pedro 2º exibe mundo do século 19

EDER CHIODETTO
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA

Em janeiro de 1840, aos 14 anos de idade, o imperador d. Pedro 2º foi apresentado ao invento que revolucionaria a forma de representar e de ver o mundo: a fotografia. A máquina era um daguerreótipo, uma câmera escura rudimentar construída no ano anterior pelo francês Daguerre.
O primeiro impacto dessa invenção sobre o imperador -que comprou uma máquina de daguerreotipia e se tornou o primeiro brasileiro a bater uma fotografia- e sobre toda a humanidade naquele momento é o que a exposição "A Coleção do Imperador - Fotografia Brasileira e Estrangeira no Século 19", que abre hoje, às 15h, na Pinacoteca do Estado, mostra com brilhantismo.
Até então só era possível representar o mundo e as coisas do mundo com o desenho e com a escrita. A partir desse momento, o homem possuiu uma ferramenta de representação ultra-realista que iria impulsionar decisivamente o avanço dos mais diversos setores do conhecimento.
D. Pedro 2º percebeu rapidamente a importância do processo fotográfico para as ciências e para a cultura em geral.
Aficionado pela fotografia, d. Pedro 2º gastou expressivas quantias com a contratação de fotógrafos no Brasil, como está registrado nos livros contábeis da Casa Imperial.
A coleção, no entanto, não inclui nenhuma das três fotos de autoria atribuída ao imperador, que estão todas em poder de seus herdeiros.
A maior parte das imagens foi obtida pelo imperador durante viagens ao redor do mundo, realizadas entre 1871 e 1888. Geralmente as fotos eram compradas ou ganhas. Há fotos da Grécia, Egito, Turquia, Jerusalém, Ásia e praticamente toda a Europa.
No verso das fotos existem anotações feitas pelo imperador, além de dedicatórias. Não se conhece no mundo outra coleção de fotografias do século 19 com tamanha diversidade de temas e procedências. Além de narrar os primórdios da fotografia, a coleção é um dos documentos mais pungentes que existem sobre a história do homem da segunda metade do século 19.
Em 1889, com a proclamação da República, d. Pedro 2º foi banido do Brasil. Sua vasta biblioteca ficou aqui. Depois de muitos desentendimentos entre os republicanos, que não queriam devolver o patrimônio ao ex-imperador, e Portugal, que exigia a devolução, d. Pedro 2º resolveu doar tudo para algumas instituições. Coube à Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, a maior parte desse material.

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