São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Privatização eleva lucro de fornecedores

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A privatização da banda B da telefonia celular e o processo de modernização do sistema Telebrás têm um significado bastante específico para a indústria de equipamentos de telecomunicações: representam a certeza de uma demanda forte nos próximos anos.
No caso da Telebrás, o investimento estimado pelo mercado para 97 é de algo próximo a US$ 7 bilhões, que servirão para tornar a empresa mais eficiente.
Na verdade, essa injeção de recursos na estatal já está ocorrendo há alguns anos. Entre os anos de 1993 e 96, por exemplo, o investimento médio anual foi de cerca de US$ 5 bilhões, recursos que serviram de combustível para as empresas de equipamentos.
O desempenho dos papéis das duas empresas do setor listadas em Bolsa -Ericsson e Cabos Pirelli- é a prova disso.
Desde o início do ano, o desempenho das duas empresas na Bovespa é impressionante: Ericsson PN subiu 127,36%, enquanto Cabos Pirelli teve alta de 177,68%.
Exuberância
Olhando esses números, o leitor que acompanha o noticiário econômico poderia lembrar a frase que o presidente do banco central dos EUA, Alan Greenspan, cunhou para falar do ritmo de Wall Street: exuberância irracional.
Mas não é esse o ponto de vista de especialistas no assunto. Os analistas de investimentos preferem manter a recomendação "comprar" para esses papéis.
No caso da Ericsson, por exemplo, o analista de investimentos João Miyashiro, do Unibanco, mostra alguns números que servem de fundamento para um eventual investidor.
Em primeiro lugar, os lucros da empresa. Segundo projeção de Miyashiro, o resultado de 1997 deve ficar próximo a US$ 160 milhões -um crescimento de 24% sobre o lucro registrado no ano passado.
Em segundo lugar, a receita líquida. O Unibanco estima que a receita da Ericsson no Brasil deve chegar perto de US$ 880 milhões, consolidando, assim, um crescimento de 19% sobre 96.
Margem
Com esses números, a margem de lucro da empresa neste ano deve ser de 18,2%, enquanto no ano passado esse índice foi de 17,6%.
"Além dos investimentos da Telebrás, a Ericsson vai se beneficiar da privatização da banda B, que vai representar uma demanda extra para o setor", diz Miyashiro.
Num primeiro momento, essa demanda extra vai ocorrer por conta das empresas que passarão a operar a telefonia celular da chamada banda B.
Volume de investimentos
Em relatório preparado pelo Unibanco sobre a Ericsson, há ainda uma informação que chama a atenção: o volume total de investimentos em telecomunicações no Brasil, no período de 96 a 99, deve chegar a US$ 33 bilhões.
Desse total, estima o relatório, cerca de 60% dos gastos -ou aproximadamente US$ 20 bilhões- serão direcionados para as indústrias de equipamentos.
Mercado
Além do mercado em expansão, a Ericsson se beneficia também da sua sólida posição junto à concorrência.
Segundo o estudo do Unibanco, a empresa detém, por exemplo, 36% das vendas para o setor de telefonia celular, tendo como principais concorrentes a NEC, a Northern, a AT&T e a Motorola.
A telefonia celular, por sinal, tem aumentado consideravelmente sua participação no faturamento total da Ericsson, representando 54% das encomendas feitas no terceiro trimestre do ano passado.
Tecnologia
Uma briga que promete movimentar a indústria de equipamentos de telecomunicações diz respeito à tecnologia digital que será usada no Brasil.
No momento, os dois principais sistemas usados no mundo, conhecidos pelas iniciais TDMA e CDMA, estão sendo testados, sendo que o governo pode optar pelo uso conjunto das duas tecnologias.
A da Ericsson, a TDMA, está em fase de testes na cidade de Londrina (PR). E a CDMA, usada pela Motorola, por exemplo, está sendo testada na cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

E-mail: mercado@uol.com.br

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