São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997 |
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"O Velho" apresenta Prestes para não-iniciados
MURILO GABRIELLI
Com o documentário "O Velho", em cartaz no Cinesesc, em São Paulo, o diretor se abstém de apresentar sua versão pessoal para a pergunta, mas fornece elementos para que o espectador construa sua própria opinião. Esse "sacrifício da subjetividade" tem por objetivo o aumento do público do filme. A opção por uma forma tradicional de documentário, com narrativa cronológica, contextualizada, tira a produção do círculo dos iniciados. "Pensei muito nas escolas", diz Venturi. É o primeiro longa do cineasta, que antes produzira três curtas. O projeto, que se iniciou em 1993, sofreu com a falta de material iconográfico. Mesmo assim, levantaram-se 40 horas de filmes e 700 fotos, muitas inéditas. O maior obstáculo -ou o "mais cruel"-, entretanto, foi colocado pelo próprio Prestes. "Trata-se de fazer um filme sobre uma pessoa que está morta e que, ao longo da vida, nunca falou de seus sentimentos, suas motivações, que construiu uma personagem de si mesmo." Venturi decidiu usar basicamente um depoimento de Prestes em seu filme, conferido a Nelson Pereira dos Santos: "Era o que tinha maior qualidade técnica e em nada diferia das outras declarações que deu na vida." Essa dificuldade em se expor, acredita Venturi, Prestes apresentava também na intimidade. Uma teoria de difícil comprovação já que está morta a maioria das pessoas que conviveram com ele até os anos 40. O diretor teve de se apoiar, então, para resgatar algo do Prestes não-político, naquilo que contou sua família sobre seus últimos anos de vida -ou, ao menos, parte da família, já que a filha Anita se recusou a falar. O retrato polêmico que desse esforço emergiu é o de um homem contraditório. "Algumas pessoas acham o filme muito favorável a ele, outras se incomodam com episódios desfavoráveis. Acho que acertei." Filme: O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes Produção: Brasil, 1996 Direção: Toni Venturi Onde: Cinesesc (rua Augusta, 2.075, região central de São Paulo, tel. 011/282-0213) Texto Anterior: As 12 degustações do "Boa Mesa" Próximo Texto: Prateleiras recebem grandes musicais Índice |
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