São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Capital do Zaire espera invasão rebelde

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder rebelde Laurent Kabila disse que recrutou 100 mil novos guerrilheiros e está pronto para um confronto para destituir o presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko, na capital do país, Kinshasa.
"Estaremos em Kinshasa em breve. Estamos a apenas 200 km da capital", disse Kabila em Lubumbashi, segunda cidade do país, ocupada pelos rebeldes há cerca de duas semanas.
"Na Província do Baixo Zaire, 100 mil pessoas aderiram à nossa causa", afirmou Kabila. Ele confirmou a notícia de que as forças rebeldes estão se agrupando no oeste do Zaire para interditar Matadi, o único porto marítimo do Zaire no estreito litoral do país no oceano Atlântico.
A comunidade econômica de Kinshasa já está se preparando para o caso de a invasão dos rebeldes interromper a principal via de acesso de alimentos à cidade.
Banqueiros dizem que os importadores estão procurando substitutos para Matadi, na vizinhança do Congo.
"Ao menos um já está fazendo isso, e outros já estão considerando a possibilidade também", disse um banqueiro.
Libaneses, que dominam o comércio varejista de Kinshasa, disseram que compraram um estoque extra nas últimas semanas no caso de os suprimentos serem cortados ou de a cidade sofrer um longo cerco.
Os alimentos estão sendo estocados em armazéns de alta segurança para protegê-los de pilhagem.
O anúncio de Kabila, mesmo se exagerado no número de guerrilheiros, colocou mais pressão nas ações do presidente Mobutu. Ele, a contragosto, concordou em encontrar o líder da guerrilha numa tentativa de negociar o fim da guerra civil.
Kinshasa é o última fortaleza de Mobutu e o que resta de seu Exército. Os rebeldes, que começaram a campanha para derrubar o governo em outubro passado, já controlam metade do país.
Refugiados
Funcionários de agências de ajuda humanitária acusaram os rebeldes tutsis de brincar com a vida dos refugiados hutus de Ruanda e que muitos morreram por causa da demora na sua repatriação.
Cerca de 10 mil refugiados vivem em condições precárias ao sul de Kisangani desde que os rebeldes da Aliança de Forças Democráticas para a Libertação do Zaire/Congo tomaram a cidade, em 15 de março.
Em Beirute, uma autoridade disse que os rebeldes concordaram em liberar 46 reféns libaneses devido a um acordo intermediado pelas embaixadas do Líbano no Zaire e na África do Sul.

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