São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997 |
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FURANDO A FILA Símbolo da campanha eleitoral de Celso Pitta, o projeto de criação do VLP, o fura-fila, continua, ao que parece, cercado de nebulosidade. Durante o segundo semestre de 96, não foram poucas as objeções de ordem técnica feitas ao VLP. Pareceres de especialistas e relatos sobre a implementação do projeto na Alemanha mostraram que essa alternativa de transporte público para a cidade é, no mínimo, discutível. Um projeto que acena para uma solução supostamente fácil para o grave problema do trânsito e do transporte público em São Paulo tem um forte poder de sedução eleitoral. Daí a querer acelerar sua implantação, sem prévia e detalhada discussão de sua viabilidade, há uma longa distância, que o prefeito, infelizmente, teima agora em ignorar. É, pois, preocupante que o polêmico fura-fila tenha sido aprovado em primeira votação pela Câmara Municipal na última quinta-feira. Como se não bastassem as diversas dúvidas que o projeto já suscitara no ano passado, parece muito suspeito o fato de sua aprovação ter ocorrido no mesmo dia em que o prefeito Celso Pitta anunciou a liberação de R$ 25 milhões para as 27 administrações regionais, controladas politicamente pelos vereadores. É também difícil aceitar tanta pressa na implementação de um projeto de tais dimensões, que necessariamente deveria envolver medidas complementares importantes e complexas, como a integração de suas linhas com a rede de metrô. A explicação, nada improvável, para esse açodamento parece ser a necessidade de criar novos fatos cuja visibilidade permita afastar outras nuvens -as que no momento cercam o prefeito em função das revelações feitas pela CPI dos Precatórios. Com todo esse pragmatismo, o próprio prefeito é que "fura a fila" das cautelas necessárias à implementação de um projeto que repercutirá diretamente na vida dos paulistanos. Texto Anterior: O NOVO DESAFIO DA AIDS Próximo Texto: Lições de moral 'for sale' Índice |
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