São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Dona de pensão conta 3 versões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Vera Moretti, a dona da pensão onde estava hospedado desde o dia 18 o índio Galdino Jesus dos Santos, caiu em contradição ao tentar explicar à Folha os motivos que teriam levado o índio a dormir no ponto de ônibus onde morreu.
No domingo, ela disse que Santos poderia ter tocado a campainha da pensão às 3h, mas ela não teria ouvido. Logo em seguida, diante de um grupo de índios, afirmou que ele tocou a campainha e uma funcionária da pensão -que ela não identificou- o atendeu.
Segundo Vera, ao ser atendido, Santos se confundiu e achou que não era lá o local onde ele dormia, decidindo ir embora. "As casas são muito parecidas", afirmou.
Ontem, Vera contou uma terceira história. Afirmou que nunca disse que Santos tinha batido em sua porta. "A porta fica destrancada e não há funcionários nos fins-de-semana. Eu mesma é que teria atendido a campainha, se ele tivesse tocado", afirmou.
Vera não soube dizer por que o índio estava na rua com um cobertor acrílico -semelhante ao que ela distribui em sua pensão. "Eles só saem com o cobertor quando vão embora, porque o levam junto com o travesseiro, os lençóis e os talheres", afirmou.
Em entrevista ontem à tarde, o presidente da Funai, Júlio Gaiger, disse que Vera é uma comerciante, pois "quanto mais índios receber, melhor para ela". A Funai paga R$ 16 por dia de pensão para cada índio. "As pensões são áreas privadas e têm seus horários."

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