São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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REPERCUSSÃO

Renato Simões, deputado estadual (PT) e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo - "Esse governo se move de massacre em massacre. O fato questiona o sucateamento da Funai. Além disso, as pessoas que atearam fogo pertencem a uma classe social que está cada vez mais arrogante e presa a valores de mercado."

Pedro Wilson Guimarães, deputado federal (PT-SP) e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados - "A regra nesse país é a da impunidade. Esses jovens pertencem à classe média, têm bons advogados, devem sair da cadeia antes mesmo do julgamento. Vivemos na sociedade dita civilizada, e quem morre é o índio, que todos dizem ser selvagem."

Nancy Cardia, coordenadora de pesquisa do Núcleo de Estudo da Violência da USP - "Esse sadismo inaudito não começa da noite para o dia. Essa garotada tem uma falha profunda de caráter. Por mais que os pais tentem educá-los, devem ter a sensação de que estão acima do bem e do mal, especialmente por causa da impunidade."

José Gregori, secretário nacional dos Direitos Humanos - "O Conselho dos Direitos Humanos irá monitorar o caso até o final para que essa barbaridade tenha cumprimento rigoroso da lei. Vamos fazer um levantamento para saber por que meninos com as facilidades de quem participa da burocracia de Estado chegam ao banditismo. Não é fácil obter essa resposta, mas é necessário para que possamos fazer um trabalho preventivo."

Hélio Bicudo, deputado federal (PT-SP) - "Atos de violência como esse são reflexo da sociedade atual, que banaliza a vida e desmerece o pobre. A explicação está na deficiência dos valores da família e também na impunidade por parte dos aparelhos judiciário e policial às pessoas das classes A e B. A violência é prática comum entre a juventude "dourada" de Brasília. Eles sabem que o pai paga a fiança e fica tudo por isso mesmo."

Luiz Antonio Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo - "O crime mostra a arrogância de uma faixa social que acha que pode burlar leis e escapar da punição. Muitas vezes, escapa realmente. Mas, nesse caso, com certeza haverá uma resposta penal implacável."

Oscar Vilhena Vieira, secretário-executivo do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas Para Prevenção do Crime - "Falamos muito sobre a modernização do Brasil e pouco sobre a pacificação da sociedade. O problema está ligado à impunidade que transcende à judicial: começa na escola. A sociedade deixou para trás uma geração repressora para dar lugar à outra que, na pretensão de ser liberal, criou seres avessos a limites."

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