São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Presos em caso de prostituição já são 5

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAITUBA (PA)

A Polícia Civil de Itaituba (PA) prendeu ontem mais um dos nove acusados de envolvimento numa rede de prostituição infantil.
Expedito Morais, dono do Motel Itatiaia, foi preso sob a acusação de permitir a entrada de crianças no motel para encontros sexuais. Cinco pessoas haviam sido presas até as 19h de ontem.
Segundo a polícia de Itaituba (900 km a sudoeste de Belém), os outros quatro indiciados com prisão preventiva decretada pela Justiça estão foragidos.
O inquérito foi aberto depois que a mãe de uma menina de 13 anos descobriu uma foto de sua filha em pose pornográfica. Ela acusou o comerciante Miguel Bezerra de Almeida de prostituir a menina.
Almeida, autor confesso de um álbum com mais de cem fotos com meninas de entre 8 e 13 anos de idade, em sua maioria nuas ou durante relações sexuais, nega envolvimento com rede de prostituição e tráfico de menores.
Para a polícia, ele usava o álbum para oferecer as meninas a frequentadores de seu bar, para programas sexuais. Almeida se diz "seduzido" pelas meninas, que, segundo ele, o procuravam em seu bar e "pediam para ser fotografadas nuas".
Depoimentos de 12 das meninas fotografadas levaram também à prisão dois donos de motéis, o dono de uma boate e um suposto taxista que transportava as meninas para os motéis.
Raimundo Cândido Filho nega que seja taxista e diz que foi confundido por uma das meninas. Ele aparece em uma foto do álbum de Almeida numa mesa do bar.
"Houve um grande equívoco. Ele foi confundido", disse seu advogado, José Helder Chagas Ximenes, ex-delegado de Itaituba.
Carlos Roberto da Silva, conhecido por "Batgirl", preso sob a acusação de abusar sexualmente de algumas das meninas fotografadas em troca de permitir que elas frequentassem gratuitamente sua boate, foi transferido ontem para um hospital.
Segundo a polícia, ele teria sofrido início de ataque cardíaco e foi internado para observação.
O advogado Ximenes, que também defende Silva, disse que vai tentar pedir a liberação dele e de Cândido Filho hoje. "Ainda nem tive acesso aos autos, mas eles não têm qualquer envolvimento."
A promotora de Justiça Margareth Sinimbu, que acompanha o inquérito, disse que os indiciados foram acusados por várias meninas. O procurador da República no Pará, Felício Pontes, pediu à Polícia Federal que acompanhe o caso. Algumas meninas teriam sido levadas, não se sabe por quem, a garimpos da região e para Goiás, Amapá e Amazonas, segundo algumas garotas ouvidas no inquérito.

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