São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Sem-teto são queimados em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos um sem-teto por mês entra no hospital do Tatuapé por ter sido queimado enquanto dormia nas ruas de São Paulo. No entanto, só este mês já ocorreram três casos.
Um homem de 43 anos foi incendiado. Tem 35% do corpo queimado e está há 15 dias na UTI.
Outros dois amigos, que estavam com ele, também foram feridos. O criminoso não foi localizado.
Parte desses crimes é executado por outros moradores de rua, por brigas entre grupos de sem-teto. Também há casos de acidentes -pessoas queimadas em fogueiras sob viadutos, por exemplo.
Embora haja registros confirmados, não há estimativa de quantos casos realmente tenham sido provocados por adolescentes ou gangues pseudoneonazistas, como os chamados "carecas".
Os mendigos são um dos alvos da segregação de grupos como os "carecas", assim como os nordestinos e os homossexuais.
Segundo o padre Júlio Lancellotti, líder da Pastoral do Povo da Rua, há pelo menos 20 anos os sem-teto dormem em grupos para se proteger de ataques.
"Daí percebemos que esse caso de Brasília não é nem um pouco isolado", afirma Lancellotti.
"Geralmente eles chegam com queimaduras graves", diz Antônio Carlos da Silva, 48, diretor de módulo 15 do PAS. Segundo ele, cada dia de tratamento de um paciente queimado, na UTI do Tatuapé, custa US$ 400. Só em antibióticos são gastos US$ 200 diariamente.

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