São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Tiroteio entre traficantes mata 3 no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Um tiroteio entre traficantes dos morros do Adeus e Alemão, em Ramos (zona norte), provocou a morte de três moradores ontem de madrugada. A guerra entre os grupos rivais começou há dez dias.
A troca de tiros teve início por volta de 3h. A polícia só subiu o morro ao amanhecer, seguindo a nova orientação do governador Marcello Alencar de proibir incursões noturnas nas favelas e morros sem orientação explícita do comando da Polícia Militar.
Mais de 50 traficantes do morro do Adeus invadiram o morro do Alemão para tomar o controle dos pontos de venda de cocaína e maconha. Os grupos rivais iniciaram então um tiroteio que durou cerca de duas horas.
Os policiais do posto que funciona dentro do morro pediram reforços. Um grupo do 16º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em Olaria, chegou ao morro de madrugada, reforçando o policiamento, mas sem entrar em confronto com os traficantes.
Marco Antônio Lima voltava de um baile funk e chegou à sua casa no momento em que os traficantes tentavam tomar um ponto de venda de cocaína que funciona na rua.
Sua mãe, Ivone de Lima, 50, disse que o filho não tinha envolvimento com drogas. Ele fora aceito no Exército e deveria se apresentar como recruta no próximo mês.
Na mesma rua, um grupo de traficantes invadiu a casa do sargento Carlos Alberto Motta e usou suas duas filhas, de 14 e 17 anos, como escudo contra os tiros. O sargento reagiu e foi morto com mais de vinte tiros.
A polícia investigava ontem a informação de que uma das filhas do sargento poderia ter envolvimento com traficantes do morro do Adeus e, por isso, sua casa teria sido invadida. A família do PM fechou a casa e não deu declarações.
Nos acessos ao morro foram encontrados dois carros, ambos roubados pelos traficantes, usados na invasão e depois abandonados. Os policiais encontraram também granada, maconha e cocaína.
Os moradores reclamaram da demora da polícia em tentar conter o tiroteio. Até o final da tarde, a polícia investigava a existência de mais cinco mortos -um deles teria tido a cabeça decapitada.
Após buscas para localizar os corpos, o 16º BPM manteve cinco policiais no posto comunitário e 30 homens patrulhando os acessos. A previsão para a noite era dobrar o efetivo encarregado de vigiar as subidas do morro.

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