São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Parceiros do Mercosul pressionam o Brasil

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

O governo brasileiro será pressionado pelos seus parceiros do Mercosul a suspender os mecanismos de restrição ao financiamento de suas importações, adotados há cerca de um mês.
A pressão contra o Brasil está sendo comandada pela Argentina e será exposta amanhã, em Assunção (capital do Paraguai), durante uma reunião de ministros da Economia e de presidentes de Bancos Centrais do Mercosul (bloco econômico que reúne o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai).
Para conter resultados negativos na sua balança comercial, no início deste mês o Brasil restringiu os financiamentos aos seus importadores em contratos inferiores a 360 dias.
Após uma reação da Argentina, o governo brasileiro recuou e abriu exceções, permitindo o financiamento de importações até o limite de US$ 40 mil, por um período de quatro meses.
No último dia 2, os ministros Pedro Malan (Fazenda) e o argentino Roque Fernández (Economia), firmaram um acordo excluindo por 120 dias os produtos provenientes dos países do Mercosul das medidas brasileiras de restrição ao crédito de importações.
Esse acordo não inclui importações do Chile e Bolívia, parceiros do Mercosul.
Balança comercial
A Argentina não está satisfeita com a flexibilização feita pelo Brasil, pois pretende manter o superávit comercial que vem conseguindo com seu principal parceiro no Mercosul.
Segundo dados do Indec (instituto oficial de estatística do governo argentino), nos dois primeiros meses deste ano as exportações da Argentina para o Brasil superaram suas importações em cerca de US$ 99 milhões.
Números divulgados na semana passada pelo embaixador do Brasil na Argentina, Diego Guelar, apontam para um superávit de US$ 493 milhões no primeiro trimestre de 1997 -esses números ainda não foram confirmados pelo governo argentino.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda brasileiro, José Roberto Mendonça de Barros, prevê que o déficit comercial do Brasil com a Argentina poderá chegar a US$ 489 milhões em 1997 (contra US$ 481 milhões de déficit no ano passado).
Além da suspensão imediata das restrições em vigor, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai vão exigir do Brasil que outras medidas como essas não sejam adotadas daqui para a frente.
A reunião de amanhã acontece às vésperas de um encontro entre os presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e Carlos Menem (Argentina), que ocorre no próximo final de semana no Rio de Janeiro.
Cautela brasileira
O governo brasileiro vai enfrentar a pressão dos seus parceiros do Mercosul com cautela, apurou a Folha.
Oficialmente, a reunião de Assunção é um fórum de discussão que se destina a trocar informações conjunturais sobre a economia dos países membros do Mercosul.
As autoridades brasileiras que participarão do encontro não pretendem examinar problemas específicos sobre o relacionamento econômico dentro do Mercosul.
Até agora, a estratégia brasileira é a de apresentar dados macroeconômicos, sem sugerir qualquer alternativa para o impasse referente às restrições contra as importações.
A última reunião de autoridades econômicas dos países do Mercosul aconteceu há quatro anos.

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