São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Vale-tudo

MELCHIADES FILHO

O torcedor tem só mais dois dias para respirar antes de o verdadeiro campeonato 96-97 da NBA começar.
Como define Michael Jordan, na página seguinte, os playoffs são o momento de separar homens e meninos.
Mas, sempre politicamente correto, o cestinha não conta que esta também é a hora da catimba, da malícia, em que o subterrâneo às vezes termina escrevendo o placar.
Para empurrar na conquista do bicampeonato, em 88 e 89, por exemplo, o Detroit simplesmente alterou o material das cestas de seu ginásio.
Num canto da quadra, que podia variar a cada rodada, o aro era mais elástico. Proporcionava rebotes longos, com uma parábola mais alta.
Seus atletas ficavam sabendo, portanto, de antemão como se posicionar melhor no garrafão. Nesse ambiente, nasceu um dos maiores estudiosos do rebote que as quadras já produziram, o ala-pivô Dennis Rodman, hoje, mais maluco, no Chicago.
Equipes supervelozes, como os Lakers quatro vezes campeões nos 80, deixavam a bola nervosa, inchando-a além das oito libras regulamentares.
Outros times minimizavam sua lentidão na transição defesa-ataque esvaziando a pobrezinha. Dizem que esse foi o caso do Washington na campanha do título de 78.
O Golden State da virada desta década mascarava, na pintura da quadra, sinais para auxiliar seus principais arremessadores. Chris Mullin e Tim Hardaway nem precisavam avistar a cesta; sabiam que bastava pisar naquele ponto e chutar.
Contam jornalistas de Boston que os Celtics dos anos 60, a maior hegemonia do basquete norte-americano, afrouxavam as tábuas do piso longe do garrafão a fim de desequilibrar os atiradores rivais e forçá-los a se aproximar da cesta, onde o gigante Bill Russell reinava.
Só não vale dançar homem com homem...

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