São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997 |
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Exposição revela inéditas da 1ª Guerra
ANA MARIA GUARIGLIA
As 30 fotos mostram o deslocamento da artilharia e das tropas do 31º Batalhão de Infantaria do Exército da França pelos vilarejos do país, nos últimos meses da guerra. A série é composta de negativos em vidro de 6 X 9 cm e foi resgatada em Paris por Roberto Delduque, 43, repórter fotográfico da "Folha da Tarde", jornal da Empresa Folha da Manhã S.A. Com ela, também foi encontrado um diário, com anotações feitas entre outubro e dezembro de 1918. Mas o achado valioso não traz a assinatura do autor, levando Delduque a supor que o fotógrafo era um militar designado para registrar as manobras do batalhão. "A nomeação de oficiais para essa finalidade era uma prática dos exércitos, com o objetivo de documentar as atividades dos soldados e as técnicas de guerra', diz. Apesar do tempo, quase 80 anos, os negativos permanecem nas caixas originais, e as imagens estão praticamente intatas. Para Delduque, causa admiração a composição das cenas e a agilidade do fotógrafo em captá-las. As câmeras da época exigiam uma rotina de trabalho desde a troca das placas de vidro, a focalização até o clic final, e não havia tempo para poses. "As fotos têm uma expressão poética, com tendências pictóricas, mas sinaliza o olhar adestrado do autor, já evidenciando traços do fotojornalismo moderno." Essa eloquência visual se revela na sequência que prepara a decolagem do balão de observação. O fotógrafo denota a preocupação da continuidade para não perder o lance da movimentação. "Essas cenas foram feitas à distância e, ao mesmo tempo que o fotógrafo parece reverenciar o fato, como algo monumental, procura dar o máximo de informações sobre o assunto", diz Delduque. Seguindo essa linha, o autor desconhecido registrou os artilheiros municiando um canhão, que estava sobre os trilhos de uma ferrovia. A figura de um militar reduzida a um ponto escuro sobre um enorme campo coberto de neve é um trabalho de arte, transmitindo um olhar diferente sobre a guerra. Também fazem parte do acervo alguns retratos. Um deles mostra dois militares, provavelmente senegaleses, conforme um relato encontrado no diário. Outro retrato é de um militar dentro de uma trincheira, aos pés de um observatório crivado de balas e camuflado como se fosse uma árvore. "É uma imagem rara da guerra pouco fotografada." Além desses registros, há mais de 300 negativos em celulóide, que foram obtidos nas colônias francesas no pós-guerra. Devido ao valor do acervo, Delduque está em busca de parcerias com instituições que possam auxiliar na catalogação, restauração e preservação das imagens. Exposição: Fotógrafo Desconhecido Onde: Espaço de Arte Funarte (al. Nothman, 1.058, tel. 011/862-5177) Quando: amanhã, às 20h; de segunda a sexta, das 10h às 22h, sábados e domingos, das 18h às 22h; até 18 de maio Quanto: entrada franca Texto Anterior: Rabino sabia do suicídio de Levi Próximo Texto: Luta teve pouca cobertura jornalística Índice |
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