São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997 |
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Moby volta a apostar no rock'n'roll
CAMILO ROCHA
Moby já esteve numa banda punk, lá pelo começo dos 80. Depois percebeu o mundo digital e mergulhou de cabeça na revolução eletrônica do fim daquela década. Nos últimos anos, Moby se dizia desiludido com o gênero. Aparecia em revistas de rock falando mal de tecno e aplaudido como "único artista eletrônico interessante." Passou a ser o remixador predileto de artistas de rock. Entre inúmeros remixes, fez Soundagrden, David Bowie, Blur, Aerosmith e Smashing Pumpkins. Agora está trabalhando com Guns n'Roses. Mas Moby não rejeitou a eletrônica. Como disse à Folha, em entrevista por telefone, ele só não quer ficar preso a uma categoria. Leia trechos da entrevista. * Folha - Por que não há nada de eletrônica em "Animal Rights"? Moby - Estava insatisfeito com a cena dance/eletrônica e com o fato de estar associado a ela. Esperei muito dessa cena. De 89 a 92 ela era aberta a tudo, divertida, não havia preocupação com o modo como as pessoas se vestiam. Mas mudou de formas que eu não queria, se tornou conservadora e travada. Talvez porque muita gente tenha parado de tomar ecstasy. E andei ouvindo muito punk hardcore velho, Black Sabbath, Led Zeppelin. Folha - Você abandonou a eletrônica e passou para o rock? Moby - Não, de jeito nenhum, só quero fazer coisas diferentes. Não parei de produzir música eletrônica: acabei de concluir um trabalho de tecno com o pseudônimo de Voodoo Child e fiz uns remixes eletrônicos para o Soundgarden. Folha - Você ainda acha possível inovar no formato rock? Moby - Acho que sim. O rock só tem 40 anos de idade. Veja a música clássica, que tem mais de 600 anos e ainda produz coisa boa. E a música não precisa ser inovadora, apenas interessante. O Green Day é um bom exemplo disso. Folha - Em que você está trabalhando no momento? Moby - Estou produzindo o próximo disco dos Guns n'Roses. Da formação original só sobraram Axl e Duff. Vai ser um grande disco de rock, com alguns toques de eletrônica. Também estou trabalhando em algumas trilhas de filmes, mas não posso falar quais. Folha - Você chamou um disco seu de "Everything Is Wrong" (Tudo Está Errado). Você é um pessimista ou otimista? Moby - Sou otimista. Se você olhar para 200, 300 anos atrás, a maioria dos humanos vive melhor. Hoje, há muito mais democracia, vários direitos conquistados que antes não existiam. Então estamos progredindo aos poucos. Acredito que essencialmente os humanos querem fazer o bem. Texto Anterior: Luta teve pouca cobertura jornalística Próximo Texto: Virtuosismo fica nas entrelinhas Índice |
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