São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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Virtuosismo fica nas entrelinhas

CAMILO ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nada de baterias eletrônicas, nada de programações, nada de música para dançar. "Animal Rights" é punk rock veloz, bravo e caótico. São cacetadas contundentes e precisas, todas terminando em média antes dos três minutos.
A pergunta básica é: o artista tecno Moby convence fazendo punk hardcore ou é o equivalente do João Gordo fazendo goa trance?
Não, porque é muito mais simples fazer punk hardcore. Os únicos requisitos são fúria e energia, e isso Moby tem de sobra.
Depois é só catar a guitarra e meter bronca. E quem quiser que ouça. Não há inovação e bem pouca aventura. Ainda assim é um CD bem acima da média do que se produz como punk hardcore.
É porque Moby, por mais que tente ser tosco, tem uma formação musical rica e diversificada, que o impede de cometer mera zoeira sem pé nem cabeça.
Ouvindo faixas como "That's When I Reach for My Revolver" (cover do obscuro grupo punk Mission in Burma), "You" e "Heavy Flow", é possível discernir sob a névoa grossa de distorção toques (contidos) de elaboração.
A primeira e a última faixa, "Dead Sun" e "A Season in Hell", entregariam o jogo de qualquer maneira. São instrumentais ambient sombrios, com camas de teclados desolados. Outra nessa linha é "Now I Let it Go", quase uma vinheta barroca no meio da tempestade.
(CR)

Disco: Animal Rights
Artista: Moby
Lançamento: Wea
Quanto: R$ 18, em média

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