São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 1997
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MIS revisa mito e real do Nordeste

INÁCIO ARAUJO

da Redação
A mostra "Mito e Cinema na Terra do Sol", que começa hoje no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, será, para começar, uma ótima introdução ao cinema brasileiro moderno.
Ali estão clássicos que dispensam apresentação, como "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", de Glauber Rocha, "Os Fuzis", de Ruy Guerra, "Vidas Secas", de Nelson Pereira dos Santos, ou "Menino de Engenho", de Walter Lima Jr.
São momentos dos mais significativos na obra de alguns dos principais realizadores do cinema novo.
Embora esse setor possa parecer um tanto repetitivo para quem acompanha o cinema brasileiro, cada um deles dá a medida da importância do Nordeste para a imagem do Brasil criada ao longo dos anos 60. São, sem exceção, trabalhos de primeiríssima linha.
O Nordeste voltaria a ser colocada em evidência nos anos 80 pelo originalíssimo "Cabra Marcado para Morrer", de Eduardo Coutinho, e por "Sargento Getúlio", de Hermano Penna.
Por fim, existe um retorno atual ao sertão e ao cangaço, nos dois inéditos a serem apresentados, "Crede-mi", de Bia Lessa e Dany Roland, e "Corisco e Dadá", de Rosenberg Cariry.
Três debates estão programados como complemento. O primeiro, no dia 24, às 20h30, tem Ismail Xavier, professor da ECA/USP, como convidado especial e versa sobre o tema "Sertão e Cinema Novo: Trajetória".
No dia 25, às 20h30, logo após a exibição de "Sargento Getúlio", o diretor Hermano Penna discute o tema "Herói Trágico e Mito".
No dia 27, encerrando o ciclo, logo após a exibição de "Corisco e Dadá", o diretor do filme, Rosemberg Cariry, e Sylvie Debbs discutirão "A Representação do Mito: Vida e Morte no Sertão".
A amostragem proposta pela curadora do ciclo, Regina Jehá, é, no geral, significativa e desenvolve a temática proposta (o Nordeste como mito e realidade), em especial quando resgata alguns documentários hoje quase esquecidos, como "Memória do Cangaço" e "O Homem do Couro", ambos de Paulo Gil Soares.
Mesmo alguns filmes menores dos anos 80, como "Parahyba Mulher Macho", de Tizuka Yamasaki, ou "Luzia Homem", de Fábio Barreto, têm, em todo caso, a virtude de introduzir a mulher no conflituado do Nordeste.
Em troca, o ciclo fica devendo ao menos um inédito "Baile Perfumado", belíssima estréia na direção dos pernambucanos Paulo Caldas e Lírio Ferreira.
(IA)

Ciclo: Mito e Cinema na Terra do Sol
Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, Jardins, zona oeste, tel. 852-9197)
Quando: de hoje a 27 de abril
Quanto: entrada franca

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